Isto da sinceridade

Ontem estive à conversa até às tantas com a namorada do primo. Adoro o meu primo, mas confesso que ela nem tanto. Até ontem.

A miúda é gira, boa postura, educada. Pelo que percebi trabalhadora, empreendedora e bem sucedida.

Mas havia qualquer coisa nela, que não me deixava aproximar, ter uma conversa. Não sei. Quando ela chegava cá a casa, era um olá e está feito. Não falava com ela quase nada, achava até que era um pouco snob, um pouco superficial.

Ontem, contou-me várias coisas dela, medos, receios, desejos.

E quando me falou da ex do meu primo, antes de começarmos o diálogo, expliquei-lhe que essa ex, era uma das minhas melhores amigas.

Ela primeiro tentou esconder a surpresa, depois hesitou porque havia nela a vontade de contar-me alguns episódios sobre a ex, que era desconhecida antes e agora passou a ser conhecida como uma das minhas melhores amigas.

Bem sei que não deve ser fácil entrar na vida de um homem, caída de para quedas e onde não se conhece ninguém do circulo dele. Mas acho que ela está no bom caminho.

Voltando, depois de saber essa informação e sabendo eu que só podiam existir dois caminhos, ou ela dizia a verdade sobre aquilo que tinha pensado em dizer, ou então fingia que afinal não era  nada....optou pela primeira, graças...não gosto de fingimentos.

Começou por dizer,  que não sabia que ela era minha amiga, mas que na altura estava muito mal e que pensou várias coisa más dela. Disse em jeito de desabafo, culpa, arrependimento e pedido de desculpa. Mas disse tudo.

A verdade é que não gostamos de ouvir falar mal dos nossos amigos, mas a sinceridade é sempre a 1ª opção. Disse-lhe que percebia, mas que ela estava enganada. E expliquei-lhe outras coisas mais.

E foi aí, que se fez a ligação. A fibra das pessoas é colocada à prova assim. Entre o mentir porque é mais fácil e gracioso, ou falar a verdade que magoa e é feio.

Gostei muito da sinceridade dela, apesar do receio dela no facto de eu ser a prima que melhor se dá com o namorado dela....e eu ficar chateada com ela não ajudava em nada.

Continuámos a falar mais umas horas, num à vontade familiar, encostadas no sofá, de chá na mão...como se fossemos grandes amigas. Na verdade só estivemos juntas três vezes.

Mas ontem foi diferente, foi estar a falar com alguém verdadeiro e genuíno, que acima de tudo foi sincero. Eu gosto de pessoas assim. Melhor ainda, percebi o imenso amor que ela têm pelo meu primo e que no final é o mais importante.