Dói-me o coração

Sempre que leio textos como este que se segue, sempre que vejo com os meus olhos pessoas com fome, dói-me o coração. Sim, por pouco que tenha, tenho sempre algo para dar a quem precisa. Não é a primeira, nem será a última. Tomara eu que as pessoas não passassem estas privações, por esta triste forma de viver ou sobreviver. Nunca, ninguém está livre. As coisas vão avançado de forma lastimável e não se vê esperança ao fundo do túnel. A vida não é fácil para muitas pessoas. Eu quando soube que estava grávida, a empresa onde o  meu marido trabalhava foi à falência, já não pagavam há um ano, não passaram folha para o súbsidio de desemprego e desapareceram. Mais um ano só a receber um salário, contas para pagar e um bebé a caminho. Estivemos quase 2 anos só com um ordenado. Não recebo tanto quanto isso. Foi duro, muito complicado, mas tudo passou. Há que fazer um esforço enorme para não perder a esperança. Este governo e estas medidas, tiram-nos a esperança, acho que quase nos tiram tudo. Eu já fui às compras e vi pessoas a pedirem comida. Já comprei comida para oferecer a essas pessoas. Dói-me o coração. Porque sei que muitas nunca pensaram em pedir, mas a vida ou a necessidade obrigou a isso. É muito triste. É de salientar que são os que menos têm, que mais partilham.


O menino que Gaspar não conhece

Supermercado do centro comercial das Amoreiras, fim da tarde de terça-feira. Uma jovem mãe, acompanhada do filho com seis anos, está a pagar algumas compras que fez: leite, manteiga, fiambre, detergentes e mais alguns produtos.
Quando chega ao fim, a empregada da caixa revela: são 84 euros. A mãe tem um sobressalto, olha para o dinheiro que traz na mão e diz: vou ter de deixar algumas coisas. Só tenho 70 euros.
Começa a pôr de lado vários produtos e vai perguntando à empregada da caixa se já chega. Não, ainda não. Ainda falta. Mais uma coisa. Outra. Ainda é preciso mais? É. Então este pacote de bolachas também fica.
Aí o menino agarra na manga do casaco da mãe e fala: Mamã, as bolachas não, as bolachas não. São as que eu levo para a escola. A mãe, meio envergonhada até porque a fila por trás dela começava a engrossar, responde: tem de ser, meu filho. E o menino de lágrima no canto do olho a insistir: mamã, as bolachas não. As bolachas não.O momento embaraçoso é quebrado pela senhora atrás da jovem mãe. Quanto são as bolachas, pergunta à empregada da caixa. Ponha na minha conta. O menino sorriu. Mas foi um sorriso muito envergonhado. A mãe agradeceu ainda mais envergonhada. A pobreza de quem nunca pensou que um dia ia ser pobre enche de vergonha e pudor os que a sofrem.Tenho a certeza que o ministro Vítor Gaspar não conhece este menino, o que seria obviamente muito improvável. Mas desconfio que o ministro Vítor Gaspar não conhece nenhuns meninos que estejam a passar pela mesma situação. Ou se conhece considera que esse é o preço a pagar pela famoso ajustamento. É isso que é muito preocupante.

Podem ler aqui.

Comentários

Mensagens populares