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Cheguei hoje. Estou ainda atordoada. Andei longe de blogues, net, de tudo um pouco. Somos muito complicados, é a conclusão a que chego. Muito complicados, mesmo. Eu por mim, que adoro estar aqui, passaria bem sem este ritmo alucinante. Eu acho. Cheguei com saudades e gosto de trabalhar, é um facto. Sabe-me bem voltar. Mas se gosto de tudo isto, também gosto de ficar sem fazer nada, ou por outra fazer outras coisas que nada tem haver com o que faço. Gosto de não saber metade, das desgraças que por ai andam, gosto de não saber que o homem continua em plena destruição. Não é questão de enfiar a cabeça na areia, é só porque lá longe, parece mais calmo, parece tudo ser melhor. Passei muitos dias a ver  o sol a por-se, muitos mesmo, numa cama de rede. Olhar para o Douro, ver monte sobre monte e o sol a por-se. Não sei explicar o quanto é maravilhoso para mim, ver um por do sol. A felicidade pode muito bem morar ali. A calma, a paz interior. Vejo-me perfeitamente a viver numa casa construida de pedra. Vejo-me a construir essa casa. Vejo-me a viver de um pequeno turismo rural, se for necessário para ter algum rendimento. Vejo-me a cuidar de hortas e de animais. Vejo-me a cozer pão num forno a lenha. Vejo-me a apanhar fruta da árvore, a fazer compotas. E vejo-me sentada numa mesa, de frente para o Douro, a apreciar um belo entardecer a beber um vinho produzido por mim, numa vinha minha. Vejo-me muito neste filme, já realizado na minha cabeça. Vejo-me neste filme, onde há todo o tempo do mundo, há tempo para tudo. E a felicidade pode bem ser isto. A minha paz, pode morar ali. Onde não há pressa para nada. Onde podemos apreciar de outra forma, o nosso gosto pela cozinha. Onde apanhamos tudo, o que vamos cozinhar, na hora anterior. Vejo-me e desejo-me e quem sabe se não se realiza. Tinha saudades desta vida, mas confesso que a outra já me deixou saudades, e ainda nem um dia passou. Vamos ver o que a vida nos reserva. E aproveitar o que a vida tem para nos dar, cá ou lá. Aproveitar, e amar quem nos estima. E deixar partir quem na verdade não nos faz falta, quem na verdade não nos acrescenta. Viver e deixar viver. Mas amar sempre, sempre. Nesta ou noutra vida. Amar, a quem nos ama, a quem nos quer bem. E parar de perder tempo, que nesta vida, parece correr e ser tão pouco.

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