Ás vezes tenho medo


De sentir-me frustrada e de não saber como superar ou lidar com a frustração. Bem, chamemos-lhe frustração. Sempre achei mais fácil controlar tudo à minha volta. Em adolescente tinha sempre a ideia que apaixonar-me seria uma treta, e que preferia que isso não acontecesse, evitava. Fugia. Até que aprendi, que isso provoca uma dor maior. Até que aprendi que nada se controla, ou muito pouca coisa se controla. E eu preciso de controlar, eu preciso de saber com o que contar, para não me sentir instavel, ansiosa. E não sei. Não sei, não percebo, já não sinto. E todos os planos que fiz, se foram. Todos. Família grande, irmãos com diferenças de poucos anos, paciência para a educação, o tal amor para todo o sempre, as borboletas, a construção de um tudo, os passeios com avós. E sinto-me constantemente em suspenso. E isso dá-me medo. Já não consigo ter a certeza de nada. Ou talvez de muito pouco. Sinto em mim, muitas coisas em suspenso, como ter uma mãozinha cheia de fios de balões, e se os largar eles caiem todos, todos, porque só tem ar. Nada mais. Vejo esses fios, na minha mão, enrolados e eu tentando segurar todos. Mas sinto-me em suspenso. E sinto a minha mão cansada. Muito cansada. Olho para ela, cheia de marcas, fecho os olhos e sonho numa vida que não a minha. E penso onde me perdi. Onde perdi a vontade de sonhar. Perdi a miúda que viveu em mim, perdi-me algures nestes fios que seguro. E não me sinto. Não sei o que sentir. Ou só sentir. E tenho medo. Não foi para isto que cresci. Não foi para isto que sonhei, tantas vezes acordadas. E sei que a vida me espera. Espera e infelizmente não sei o que será. E tenho mesmo medo. Medo. E sinto os fios apertam-me a mão, e temo deixá-los cair. 


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