Das pequenas coisas que nos fazem imensamente felizes

Ontem fui levar o Tiago à escolinha e por norma ele leva sempre brinquedos. Por norma, tem sempre o mesmo miudo de volta dele, que de forma bruta, os quer tirar, que o agarra, que o abraça, que faz tudo para ter os brinquedos dele, eu tento apaziguar a coisa, dizendo calmamente, calma Zé o Tiago já te empresta os brinquedos, ele acabou de chegar. Mas o Zé não percebe, e agarra no Tiago, e agita-o e agarra nos brinquedos à força porque os quer para ele. E o Zé a dizer-lhe tu és meu amigo, tens de me emprestar os teus brinquedos. O Tiago não vai de modos e responde, não tu não és meu amigo. Aquilo ficou-me assim, meio atravessado. Puxei o Tiago à parte, disse-lhe que se calhar o Zé tinha aquele comportamento porque não tem brinquedos, mas que devia  ter mais paciência e dizer-lhe que espera-se a sua vez, e não dizer que não é seu amigo. Que ali são todos amigos. Perguntei-lhe se ele gostava que lhe dissessem isso. Ele disse que não e foi para a sala, assim meio pensativo.
Ontem cheguei a casa, e falei com ele novamente.
Eu: Tiago, explica à mãe o que se passa contigo e com o Zé.
Tiago: Mãe, sempre que eu chego ele tira-me os brinquedos da mão, nem pede. Eu digo sempre, que já lhe empresto, mas ele tira sempre.
Eu: Mas ele não leva brinquedos?
Tiago: Não, ele nunca leva brinquedos para a escola. Quer sempre os brinquedos dos outros meninos.
Eu: E tu já pensaste que o Zé pode não ter brinquedos? Se calhar a mãe ou o pai do Zé não podem comprar ou então não tem avós que o possam fazer. Talvez por isso ele queira brincar com os vossos. E como não sabe pedir, tira. Mas tens de lhe explicar, que não se tira nada da mão, pedimos sempre. Mas se calhar ele não tem nada.
Tiago: Mãe, podemos ir ao meu quarto e escolher um brinquedo para levar amanhã para o Zé
Eu: (neste momento o meu coração rebentou de orgulho) A sério? Queres ir buscar um brinquedo teu? Não te importas?
Tiago: Não. Vamos escolher um brinquedo.
Eu: (A olhar para tudo a ver o que ele  ia escolher, tipo peças partidas, coisas do mac, sei lá.... isto com os miúdos nunca se sabe....sai-me com....as duas coisas que ele mais gosta....)
Tiago: Mãe vamos dar-lhe um TRex e um skate.
Eu: Sério? Queres dar-lhe um dinossauro e um skate?
Tiago: Sim, mãe o Zé vai ficar muito feliz.

Hoje colocamos as duas coisas num saco, chegámos à sala, e ele todo contente, dá um beijo à educadora e pergunta pelo Zé. A educadora meia perdida pergunta se é para a sala, eu explico o episódio e ela chama o Zé. O Zé disse três vezes, é para mim? Para levar para casa? E nós sim, é para ti.
A educadora, diz-me ao ouvido, o seu filho sempre teve um coração de ouro, e hoje não foi novidade, foi constatação, ele é um bom miúdo.

E eu rebentei de orgulho. Não só por aquilo que ouvi, porque sempre soube mas porque é meu. O meu filho.

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