Temos de ser mais do que isto, para lá deste mundo

É algo que tenho pensado, lido, ouvido. Quero muito, que haja mais para lá do que isto. Mesmo sendo católica. E me contradizendo,no que creio. Estava no mercado e a tomar o pequeno almoço como meu pai. Falava nisso com ele. Dizia-lhe que não podíamos ficar só por esta vida terrena, por vezes triste, medíocre, injusta. Não para todos, bem sei. Mas que a oportunidade fosse dada a todos, em várias vidas. E estava a dizer ao meu pai isso mesmo. Que acho que vivemos várias vidas. Que quando passamos por alguém e reconhecemos uma cara, um lugar que nunca vimos nem nunca passamos, é porque já vivemos essa vida noutra personagem. Quando dizemos identifiquei-me desde com aquela pessoa como se a conhecesse desde sempre. Fala-se também em portais do tempo. Não sei, se será por aí. Mas penso que somos seres de luz. E vivemos várias vidas. Tenho vindo a acreditar nisto. Sempre com o intuito de aperfeiçoar o ser de luz, até seres um iluminado na sua perfeição. Algo do género. Não, ainda não bebi nada. E acho que ainda não estou maluca. Mas como falava como meu pai. Há tantas pessoas que vêm espíritos, a minha amiga vi-a o pai e outras pessoas. Também há quem não acredite. O meu pai, diz-me de um momento para o outro que via a mãe, assim de relance. E que foi a uma senhora que lhe disse ser a mãe dele. E que quando são os pais, não nos querem mal. Ele diz-me que a mãe dele gostava dele, muito dele. E que ele sente muitas saudades dela. Fico completamente desarmada. O meu pai a chorar. Pilar forte, porto seguro. Só o vi chorar uma vez, no dia que sabia que ia casar e ia sair de casa. Fiquei a tremer, comecei a chorar é automático, mas sempre a travar e consegui (fui forte), e a fazer festinhas nas costas. Pensei no quando sou inconsciente e até egoista. Eu sofro antecipadamente pelo medo da perda dos meus pais. Do meu pai. Um dos meus grandes amores da minha vida. E nem um segundo, sai da minha bolha, do meu egocentrismo, para perceber, que ele também perdeu os deles...e que a dor...da perda...não sara...a saudade não se perde....e que ele a sente. E quis muito pegar-lhe ao colo. Quis muito dar colo ao meu pai. Dar colo, literalmente. Vê-lo vermelhinho, contraído, de olhinhos pequininos e maozinhas à frente a chorar.... disse-lhe para ter calma. E garanti-lhe que nós só não os vemos, mas que eles estão ao pé de nós. Porque nos amam. Disse-lhe, eu nunca vou deixar o meu Tiago. Quero ver a vida dele e quero ajudá-lo. Não sei como funcionará. A quem tenho de pedir para mudar as regras do jogo? Disse-lhe que as pessoas que amamos estão sempre connosco, disse-lhe tudo o que me pode ocorrer na altura, para o confortar. E disse-lhe que o quero sempre perto de mim, sempre. Mas que se livre de ir agora. Mas que me apareça, tipo se tiver a comer bolos. E me puxe os cabelos. Que me afague o cabelo quando estiver a dormir.
Devíamos perder mais tempo, a calçar os sapatos dos outros. A tentar pensar como seria, se estivéssemos naquela situação. Devíamos mais pensar no outro. E o meu pai ali ao meu lado, e eu nunca pensei nele, daquela forma. E fui egoista este tempo todo e sei-o. Por isso tem de haver mais. Mais para além de tudo isto, que vivemos. Tudo isto é pouco, é muito rápido, é dor, sofrimento, para muitos. Tem de haver mais amor, pelo menos mais paz.
Sim, vou largar isto, que a bebida anda a fazer-me mal.

Comentários

Mensagens populares