Cenas que me deixam mais drescrente, mais um pouco

Ontem, como nos outros dias fui recolher alimentos, roupas. Estive de férias, e mesmo assim não deixei de o fazer. Umas horas do do meu dia para fazer isto, não é nada comparado ao bem, à felicidade que se pode dar aos outros. Faço porque gosto e muito. Já fiquei pendurada. Já fui falar com pessoas que não eram as pessoas certas. Isto de ir ao encontro do desconhecido, para mim, é um pouco assustador. Apresentar-me e a pessoa ficar a olhar para mim, como um burro para um palácio. Já me aconteceu ouvir coisas menos boas. Já me aconteceu ouvir coisas muito boas. Já me aconteceu conhecer pessoas maravilhosas e o contrário também. Aceito. Cada um é igual a si próprio e temos de aceitar. Já recebi alimentos que me encheram o carro de uma só vez  e fiquei sem jeito de agradecer e com lágrimas nos olhos. Já recebi bens, que sinceramente apetecia-me mandar a pessoa à merda e perguntar-lhe se aquilo servia para si ou para o seu filho. Ou então dizer que não somos caixote do lixo. Que se não serve para nós, não serve para os outros. Mas não o fiz. Nunca o faço. Aceito tudo. A selecção é feita depois. Se não há bom senso, não sou eu que vou começar a pregar. Ontem estava parada no estacionamento combinado. Fiquei meia hora à espera. Infelizmente não trocamos telemóvel, mas como o sitio era tão óbvio, não achei necessidade. Fiquei sentadinha. O senhor que arruma carros perguntou-me umas mil vezes...mas a menina não quer estacionar? Tem tabaco? Dizia que não...e pensava...não meu senhor, estou aqui só para olhar para si ou num encontro fortuito. Pode ser? Como tinha mais duas pessoas agendadas e já estava atrasada, sai do carro e percorri tudo o que havia para o fazer a pé. Não a encontrei. Já atrasada para as outras duas, arranquei. A minha terceira recolha teve de levar com mil desculpas pelo atraso. Era um amor. Chego a casa tarde. Sim, uma pessoa trabalha, isto é depois de sair do trabalho. Chego tarde, tomo um duche, como uma sopa. Preparo mais sopa, o jantar para amanhã, ponho a roupa a lavar. Dou mimo, que há quem não tenha a culpa de o tempo escassear. Estico-me já é tarde. Vejo uma mensagem no meu facebook, que diz: Estive à sua espera mas como não apareceu, fui-me embora. Oi? Não apareci...?!?! Como assim? Enviei mensagem, a explicar, que provavelmente houve um mal entendido, pedi desculpa de algo que não tive a culpa mas que me pareceu correcto, e remarquei. A resposta foi silêncio. Até agora. Não lido bem com o silêncio, o desprezo, o facto de me ignorarem. Mas quero acreditar que a pessoa ainda não viu a mensagem. Quero acreditar que as pessoas são mais altruístas do que ofendidinhas, mesquinhas. Quero mesmo acreditar que algures na vida as pessoas comecem a ter bom senso. A pensar um bocadinho mais no próximo. Não muito, só um bocadinho, já está de bom tamanho.

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