Rescaldo

Foi um domingo bom, rico. A educação não se compra, não há dinheiro que faça milagres. Conhecemos pessoas humildes, e em condições especiais, mais bem educadas que muita gente com dinheiro, formação académica, é o que cada vez mais constato.
Realmente há valores que não se compram. 
Adoro conhecer pessoas. Adoro estar com pessoas. Adoro gente honesta, que é aquilo que é. Sem pretensões. E principalmente crianças. Confesso, que me custa um pouco, lidar com crianças de 6 anos que não sabem contar até 3, que não conseguem expressar o que pensam ou o que querem, porque nas suas casas são mais um e não há diálogo, custa-me saber que algumas passam graves dificuldades.
Mas depois ver o sorriso, a alegria delas, com o tão pouco que é dado por nós, mesmo que do nosso bolso, e feito por nós com amor e carinho, elas retribuem e em grande escala. Todos os anos tenho uma estrelinha, uma criança que cuida do meu rebento. No ano passado, estive 3 horas a fazer pinturas faciais e não conseguia ter olho na minha cria, e uma miúda ofereceu-se para tomar conta dele, uma retribuição de amor, que fiquei enternecida. Ontem foi igual. Estes eventos, pedem um pouco da nossa atenção. Organizar, fazer uma gestão de tudo, e certificar que todos tem tudo. Desde protector solar, roupas, comidas, bebidas, doces, brincadeiras e jogos. Levo sempre o meu índio, porque gosto e quero que ele goste de fazer amizades. De criar laços. Mas é complicado, porque ele me foge sempre, ou porque quer ir para o parque, para o campo da bola, etc...E eu preciso de o ter sobre no meu radar. Falta-me o ar, quando não o vejo. E ontem apareceu-me o Fernando. Um miúdo de Benfica, também com uma história de vida complicada. Foi sozinho ao passeio porque a avó tem dificuldades em andar. Falámos um pouco, depois fomos até ao rio, apresentei-o aos outros miúdos, porque percebi que era tímido. Deu-se bem com o Tiago. Sem eu dizer nada, o Fernando com os seus 12 anos, percebeu a minha "aflição" e disse que tomava conta do Tiago. Ali está uma retribuição de amor, de carinho. Um coração bom. Um bom miúdo. Não só pela noção da minha aflição por controlar o meu e dar assistência aos outros, como a paciência para com os miúdos mais pequenos, como todo um tipo de situações a que assisti.
Foi bom. Sinto-me agradecida de fazer parte da felicidade dos miúdos. De os ver sorrir, de os ver a chapinhar na água, de os ver deliciados. O que recebemos deles, é muito mais do que aquilo que demos e disso não tenho dúvida. Eles acrescentam-nos muito, puramente e sem pretensões. Quem me dera puder ajudar mais, mas vai se fazendo aos poucos. Enquanto houver caminho, vamos caminhando. Foi bom. Muito bom.

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