Estou com um pé na cama e o outro fora dela
Um pé enterrado na areia e outro à superfície
Com uma mão no bolso e a outra pendurada
Nem bem, nem mal
Não quero sol, nem chuva
Penso que sei, e de facto nada sei
Acho que sim, para depois dizer que não
Crio duvidas, de certezas
Das certezas, nascem as minhas dúvidas
Hoje não sou doce, nem amarga
Hoje sou assim
Um pouco de tudo, um pouco de nada
Quero levantar-me, e a inercia não permite
Sou como um raio de sol que insiste em chegar a algum lado, mesmo com o tempo cerrado
Contra as adversidades
E não consigo de facto entrar, chegar
É como estar acorrentada a cadeado e tocar nas chaves com um dedo
Estou tão perto, mas sinto-me longe
Fico parada, estática, a sonhar acordada
A pensar no que vou fazer quando me libertar
Quando chegar esse tempo
Se chegar
Até lá, fico assim
parada, sossegada
Sem rir, nem chorar
Mantendo-me à tona da àgua
que me permita apenas respirar
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