Tenho de facto alguma sorte. Vivo perto do mar, o que para mim é uma coisa de muito valor. Mar, areia, praia.  Melhor seria abrir o portão e seguir directamente para o areal. Acordar e ir dar um mergulho para acordar. Isso era perfeito. Mas não me queixo. Estou perto de várias praias. Se gosto de areia, do mar durante o dia. À noite não é diferente. Gosto de passear na praia à noite, de pisar a areia fria. De nadar de noite. Do deitar a cabeça na areia fresca, fechar os olhos e ouvir o mar. A areia para mim funciona como parte de um todo e não como algo estranho em mim. O mar é uma ferramenta que me faz sentir sempre melhor. Gosto de pegar no carro, conduzir toda a marginal, com o mar sempre presente e se for com sol melhor, mas se não, nem por isso é mau. Paro no guincho, como sempre. Estaciono no sitio de sempre. Fecho os olhos e oiço o mar. Perfeito. E a calma nasce dentro de mim. Poder ver o por do sol, é uma das coisas que mais me preenche, que me deixa sempre maravilhada. Sempre. Como o nascer do sol. Magnifico. Todos os meus lugares preferidos já tem história, já existiram, já foram vividos. Estaciono sempre no mesmo sitio  há 20 anos. Duas miúdas e um miúdo, passavam o tempo todo parado no guincho pela madrugada adentro, a falar, outras vezes em silêncio, outras vezes a ouvir musica. Outras ele cantava para nós. E cantava bem. E para nós era perfeito, o mar, as estrelas, a amizade. Eramos felizes. Hoje paro algumas vezes no mesmo sitio e coloco o cd que me deste e oiço, engano-me um pouco, finjo que  é como se nada tivesse mudado, quando de facto tudo mudou. Mas por uns segundos sinto-me lá. Longe bem longe. E é saboroso. Acordo e saboreio novamente. Afinal tudo é bom. O antes e o agora.
 

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