Bateu com a cabeça

Ontem fui feliz. De facto acho que o sou muitas vezes. Tenho de parar de ser um pouco ingrata, bem sei. Mas às vezes não o sinto, nem reparo, nem vivo. Talvez ande perdida no meio de uma confusão qualquer, de coisas que me ocupam a cabeça. Perco efectivamente algum tempo, se calhar demasiado a pensar no que seria de mim, assim e assado. Perco mesmo algum tempo. De todas as ideias que criei na cabeça, de tudo o que já vivi, sem ter vivido. Ver o meu filho com a avó a brincar. Andar com a minha mãe no paredão. Trocar confidências com o meu irmão. Viver com ele uma boa cumplicidade. Conhecer melhor a pessoa A e a pessoa B. Imaginar alguém bater-me à porta a informar-me de que fui trocada na maternidade. Dizer a algumas pessoas o quanto gosto delas, sem soar a falso, porque de facto é raro lhes dizer alguma coisa. Sim de facto, passo algum tempo a viver uma vida que não é a minha. E isso faz-me sentir um pouco só. De facto moí-me aceitar as coisas tal como elas são. Custa-me. E há umas situações em especifico que não consigo aceitar ou por outra não sei digerir. Que não consigo perceber. É como me dizerem que sal sabe a açúcar. Quando eu sei que não sabe. Quando tenho de explicar coisas simples como acarinhar, receber e valorizar. A falta de educação. A agressividade no que se responde. A falta de amor no que se diz. No que se faz e a quem se faz. Para com os nossos, os de sangue. Eu que tanto critico, estarei a ficar assim? Irei tornar-me no que acho errado, inaceitável, cruel, desolador? Enfim. Não consigo ser fria, distante, mesquinha. Mas dizia...fui feliz. Porque tenho a sorte de ter aprendido a retirar de tudo o que me rodeia, alguma felicidade. Um abraço, um beijo, uma conversa. Ver o meu filho brincar com os amigos. Ver a cumplicidade dele com o amigo. O sorriso dele, os beijos, os abraços. Ver como os outros interagem com ele, o carinho que lhe dão. Sendo tios, por opção. Olhar para as pessoas e identificá-las como nossas. Como nossas amigas. Que gostam de nós assim, meios problemáticos, stressados, irritantes, por vezes azedos. Sim, eu sou um pouco de tudo isto, ás vezes até mais. E olho por vezes ao meu redor, algo que gosto muito de fazer e reparo que o pote da felicidade vai enchendo. Estas pessoas fazem de mim um ser feliz. E como tu me disseste, é pá mas tu não és amiga da fulana...nunca foste....e eu engoli. E pensei pois não...mas pensava que sim...e fiquei a pensar será que fui eu que falhei? Não sei...isto das amizades não deve ser forçado...deve crescer, se assim tiver de ser. Mas em nós cresceu. Sinto em ti que me percebes. Sinto em ti uma calma, que é precisa em mim. Uma compreensão. E gosto. Gosto muito. Dizia à Leonor, o quanto gostava de ti, que te sinto verdadeiramente como minha, mesmo quando não se é de ninguém. Digo minha, como a minha amiga Filipa.
Que lamechas....espero que saibas cozer fechos na tua máquina de costura, estragou-se o fecho das calças e agora não me posso levantar....
Podem rir, que eu deixo. Hienas.

Comentários

Gostei muito do que aqui li. De facto damos pouco valor ao que temos à nossa volta. O tempo corre e não aproveitamos quem nos rodeia.
Um beijo :))
Solana disse…
Sim, acho que perdemos tanto tempo na expectativa do amanhã...que não se aproveita o presente. E de facto é no presente que se deve ser feliz.

Isto do falar é bonito...mas na prática...é tão diferente....

Façamos o melhor que soubermos e já não está mau!

Bom dia!

Beijinho
Anónimo disse…
Como sempre, um excelente texto, mesmo à maneira da Solana :) Um grande bj minha querida ;)
Solana disse…
Sabes que também sou feliz contigo! :-)

Obrigada

Beijinho grande

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