Voces são a minha familia

Ontem, foi o aniversário do primeiro desejado, do meu afilhado e senti-me muito feliz. Feliz por estar rodeada de pessoas que amo, de pessoas que gostam de mim, como sou sem pretensões, fui feliz. Cheguei a casa com o coração preenchido. Vivemos e crescemos com aqueles que nos rodeiam. Olhamos para os amigos, como sendo nossos, da nossa família. Ontem depois de muitas conversas, e abraços, senti um enorme amor. E saiu-me, para mim são como família. Ou até mais. A Sandra será sempre a minha irmã, que o sangue não escolheu. Ora estamos perto, ora estamos longe, tenho-lhe um amor, um bem querer desmedido. Um orgulho de mulher, mãe e esposa. Gosto muito dela, por tudo. O meu amor por ela, estende-se a todos os que dela são. A mãe dela, que também gosto e me preocupo genuinamente. Pela irmã dela, que encontrou a felicidade do amor, mais que merecida. E o nosso Gonçalinho. O miúdo que conheci bebé, que muitas vezes lhe peguei ao colo, faz 18 anos. Tinha e tenho grandes expectativas em relação a este miúdo. Desejo muito que vingue nesta vida. No meio de conversas, soube novidades que não gostei e senti genuinamente uma preocupação. Mesmo. E tive necessidade de falar com ele, tentar perceber o que se passa, como se do meu sobrinho se tratasse. Acho que vivo destes encontros de afetos. Quer dizer tenho a certeza. Ontem discutíamos sobre Deus. Quem era Deus, e porque Deus deixa morrer A, B ou C... É uma das conversas que mais gosto. Bem sei, que na tormenta, não aceitamos que levem os nossos. Como digo, a minha mãe não merecia tanta dor. A bisavó do meu querido afilhado, uma pessoa que sempre achei ter um feitio particularmente diferente, vem falar comigo, e diz que gostou muito do que falei, e deu-me um exemplo dela, sobre a vida dela. Partilhou algo dela, comigo. E isto é muito bonito. Pode parecer lamechas, mas senti uma enorme generosidade. Não foi falar sobre o ser ou não cristão. Todos sabemos o que é o Cristianismo. Só falei, que com o passar do tempo, nós próprios criamos um pouco a nossa fé, com base no cristianismo e não só. Como eu costumo dizer, uma fé à nossa maneira. Mas Seja Deus, no que eu acredito, ou Alá...eu acho sinceramente, que existe. O meu Deus existe. E sinto isso. Sinto. Posso fraquejar muitas vezes, mas sinto. E acredito. Mas respeito quem não acredita, aceito perfeitamente quem é ateu. Somos todos filhos de Deus. E fiquei comovida ao falar da minha mãe, porque sinto genuinamente que ela me acompanha. Sempre achei, que ela era o pilar da nossa pequena família, e que com o desaparecimento dela, temi que ficássemos também nós desaparecidos uns dos outros, distantes. Felizmente não. Estamos mais próximos e unidos. Como eu digo ao meu pai, tenho a certeza que a minha mãe cuida de nós. É o que sinto. É assim que lhe falo e rezo. E estar a uma mesa, falar de muitas coisas, de crenças, de falta delas, e depois sorrir e abraçar. Não há melhor forma de viver, do que de afetos, de partilhas. Não há. E como digo, nada é por acaso. Foi graças ao grupo de jovens onde estive inserida, que a minha querida Sandra, minha irmã, conheceu o amor da sua vida. Nada é por acaso. Uma das pessoas que mais gosto, juntou-se a outra de quem gosto tanto. A mãe dele a falar-me das vezes que fazíamos a procissão de braço dado, e de todas as vezes que me recordo dele tão novo, e no entanto tão maduro. Sou muito agradecida. Tornei-me numa pessoa mais agradecida por ter tão boas pessoas perto de mim. E preciso e quero sempre acreditar num futuro bonito, num vamos ser felizes a dois. Porque uma coisa eu sei e é garantida, a vida não dá tréguas. É dura, amarga, fere sem olhar a quem. Preciso por isso balançar o que sei que pode ser inevitável, esforço-me por acreditar que a felicidade também é possivel. Tudo é possivel quando amamos. Que é o amor que nos salva. Como digo sempre, complicado é gerir a perda de quem morre. É gerir doenças. Relações pessoais, amores e desilusões, é abrir o coração, ser adulto e conversar. A conversar é que a gente se entende. E isso cada vez me faz mais sentido. O sofrer, cada vez me parece mais inevitavel, mas suportável, pelo bem maior, o amor. Há um mundo lá fora para sermos felizes. Por isso aproveito sempre, sempre momentos de boa conversa, de afeto, do olhar cúmplice para ser feliz, para sorrir. É uma felicidade enorme ter os meus ao meu lado, os meus escolhidos por mim, e os meus que me escolheram. E vou ser sempre agradecida. Sempre.

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