Tudo passa

E esta é uma grande verdade que existe. Tudo passa. Custa, dói e mói, mas passa. Parece que a angustia e o aperto no peito vão dando tréguas. A constante troca de papéis, vai sendo menor. Por isso a falta de ar vai diminuindo.  O se fosse eu, já não aparece com tanta intensidade. Porém, ainda caem lágrimas quando menos esperamos. Quando falam connosco e nos lembram que a vida tem coisas boas. E choramos porque nos sentimos fracos, talvez menos crentes, que a vida seja boa, mesmo tendo coisas más, coisas duras que nos ferem. Algumas que não se conseguem aceitar. E choramos para aliviar a alma. Ouvimos, bebemos sedentos as palavras que ouvimos, funcionando como uma bolsa de papel, que aproveitamos para respirar calmamente, durante crises de ansiedade ou falta de ar. Ouvimos, confortamos algo que se sente só, em nós. Só e com medo do que a vida nos reserva. Vive em mim, talvez noutros, o medo da vida não passar disto, de dor, de medos e receios. Talvez medo da inércia. Ouvir e sentir que poderá não ser assim, faz-nos sorrir, faz-nos pensar numa corda que foi atirada ao poço, estando nós lá no fundo. E choro, choramos de alivio. Porque alguém nos ouve, nos entende. Nos sente. E mesmo quando não queremos falar, se sabe. A vida é algo de precioso, e de facto, a vida somos nós e o que damos de nós aos outros. Contudo, uns são mais do que imaginam ser. São muito mais. São inspiração e aconchego, são pessoas que se querem ter por perto. Que nunca se imaginaram, que mesmo imaginando pensava-se em não chegar, mas apareceram. E choro, meia aliviada, por não me sentir só. Por fazer e criar em mim, a vontade de ver que há um mundo lá fora. e que nem sempre a dor leva a melhor. Que há sol, amor, riso. Há uns dias melhores, outros piores, mas passa, tudo passará, os maus passarão. Feliz daquele que não está só, e tem ajuda para passar pelas amarguras da vida, conseguindo superar e ter alguém que o oiça e o compreenda, mesmo que a língua seja o silêncio.