"10 modas parvas: Gin, Sushi, SWAG, Selfie sticks, etc. "
"Vivemos num mundo de modas e de gostos influenciados pelos media. Sempre assim foi, agora é ainda mais devido à velocidade e visibilidade que a Internet veio dar a todas as novas tendências. Vamos lá então falar das modas mais parvas que andam por aí.
A Kizomba sempre esteve
na moda onde eu vivo, Buraca. Sempre ouvi Kizomba, à força, nas festas
das escola e atráves dos carros que passam na minha rua ao som da sua
batida característica. Não tenho nada contra, confesso que não é o meu
estilo de música, mas até sou capaz de não trocar de estação e até, na
loucura, de ouvir com gosto num carro cheio de amigos a caminho da
praia. Mas há limites, caraças! A rubrica da RFM "10 músicas seguidas sem parar", deveria chamar-se "5 músicas seguidas intercaladas por 5 Kizombas".
Não há paciência, especialmente, porque a Kizomba que nos chega é, na
sua maioria, má. É a comercial, que de africana tem muito pouco e é
feita só para vender. É engraçado é que não se pode dizer mal da Kizomba
sem se ser acusado de racismo. Eu também digo mal do Pimba e isso não
faz de mim xenófobo contra os portugueses. Não gosto, acho que as
pessoas papam porque dá na rádio e porque não têm paciência para letras
que as façam pensar. Não tenho problemas que um Anselmo Ralph encha um
MEO Arena, só tenho é pena que não haja tanto público a querer ouvir um
Jorge Palma ou um Sérgio Godinho. Se calhar têm que se adaptar e fazer
novas versões: Jorge Palma ao piano, com batida Kizomba por trás, a
cantar "Agora não mete mais a mão no queixo...". Ou o Sr. Godinho a
cantar "Bo tem um brilhozinho nos olhos...".
Os famosos paus de
selfie. Pau de selfie faz lembrar uma espécie de condimento para comida
ou um brinquedo sexual para auxiliar a masturbação, mas não! É aquele
cabo para as pessoas tirarem fotos a elas próprias. No meu tempo,
pedia-se a alguém que fosse a passar para tirar uma fotografia e
dizia-se "Carregue aqui neste botão". Aquele botão igual em todas as
máquinas, mas que nós sentimos sempre necessidade de dizer, não vá a
pessoa carregar no flash ou no botão que ejecta a bateria. Devo dizer
que reconheço a utilidade dos paus de selfie, acho que até criam um
efeito giro e são práticos de utilizar em várias situações. Isso não
quer dizer que não sejam ridículos. São. Andar com o telemóvel preso na
ponta de uma moleta é só estúpido. Mas o pior não é isso, o pior é que
as pessoas andam muito obcecadas com elas próprias. Eu, quando vou a
algum lado, estou mais interessado em tirar fotografias às paisagens,
aos monumentos, às pessoas na rua e a momentos únicos, do que a mim.
Parecem a Cristina Ferreira que tem que aparecer sempre na capa da sua
revista. Se querem tirar uma foto do pôr do sol em Belém, para que é que a vão estragar com o vosso focinho?
Não gosto. Sim, já
experimentei mais que uma vez. Sim, já experimentei diferentes
restaurantes. Sim, já me disseram que é uma questão de hábito. Não gosto
e não quero experimentar mais, pode ser? Há sempre um amigo que nos
tenta convencer que sushi é a melhor comida do mundo! Que nós só não
gostamos porque ainda não experimentámos com os planetas alinhados e
vestidos todos de ganga. Metam na cabeça que há pessoas que não gostam
de peixe cru! Não devia ser assim algo tão estranho, o estranho é
gostar. Antes, a norma era não se gostar, mas agora anda tudo maluquinho
com o sushi. É uma falta de respeito para com os nossos antepassados
que inventaram o fogo. Não percebo como é que se insiste em comer algo
que não se gosta. Se não estivesse na moda, ninguém experimentava dez vezes até gostar.
Experimentavam uma, ou duas, como eu, e pronto, não gostam, nunca mais
lá vão. Mas, como é fixe comer sushi e dá boas fotos para o Instagram, o
pessoal obriga-se a comer até gostar. Dêem lá 50€ por um sushi que eu,
com isso, janto a semana toda no Zé Manel, na minha praceta, onde gostei
logo à primeira.
Se a moda do gourmet já é parva que chegue, como já aqui escrevi, então
o Fast food gourmet é o pináculo do disparate. No fundo, adicionar a
palavra gourmet, não é mais do que dizer que é um hambúrguer na mesma,
só que no prato e mais caro. Ele é cachorros gourmet, francesinhas
gourmet, alheira com ovo gourmet, é tudo gourmet! Um bitoque é um
bitoque e nunca pode ser gourmet! O mesmo com tantas outras comidas que
são boas porque não são sofisticadas. Tasca gourmet? Isso é a mesma
coisa que "Puta de rua, de luxo". Não faz sentido, são conceitos que não
ligam. Aliás, a palavra gourmet está tão na moda que eu aposto que já alguma rapariga disse a um namorado o seguinte: "Oh amor, não é nada pequeno, é gourmet. Se fosses Adão até podias tapar isso só com uma folhinha de rúcula.".
Para o fim, a moda mais
parva de todas. A moda das empresas que acham que ter trabalho de borla é
bom. Aquelas empresas que contratam estagiários e que já sabem que não
vão ficar com eles. Que sabem que eles vão dar o máximo e trazer ideias
frescas para a empresa, mas que são dispensáveis a partir do momento em
que tenham que lhes dar ordenado.
"Procura-se colaborador,
recém-licenciado, que saiba falar cinco línguas, saiba fazer mortais
encarpados à retaguarda, saiba cozinhar comida asiática e mediterrânea,
tirar cafés, com conhecimentos sólidos das ferramentas office e grande
capacidade de sacrifício, de lidar com o stress e que tenha um espírito
de equipa fantástico, para se juntar à nossa, já fantástica, equipa.
Oportunidade imperdível para aprender e crescer profissionalmente.
Salário fixo de 0€. Não é negociável."
Vão para o caralho.
Quais destas modas é que praticam? E outras igualmente parvas que eu me tenha esquecido? Boa semana."
Muito fixe!!!
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