Ás vezes sinto-me cansada

farta de ouvir conversas de merda. As pessoas cansam-me, e tenho de parar de que querer encontrar o melhor no outro. Éh pá tenho de parar. Tenho de fazer aos outros, precisamente o que me fazem, por de parte. Acho que vou ser mais feliz, sou sentir-me mais completa. Isto do perceber tudo e todos, está a deixar-me cansada. Começo a ficar farta de pessoas ingratas, de pessoas egocêntricas e narcisistas. Começo a ficar farta de palhaços. Odeio palhaços. E começo a ficar com zero paciência. Zero mesmo. Este domingo, lidei um espécime fabuloso. De mau. Depois da mesma conversa, que circula em todos os meios, aquela mãe que matou as duas filhas. Em que uns depositam a culpa na mãe, no gato, no cão, no pai, em todos, eu culpo o sistema. Estava a tentar explicar isso ao espécime. Que na minha opinião, focam-se muito na culpa da mãe (que não está isenta dela, como é óbvio), em vez de perceberem que o sistema falhou. E falhou, ponto final. Existiram queixas na PSP, segurança social, não percebo porque não se fez nada. Para mim o sistema de apoio a essas crianças falhou. Sim a mãe, tem culpa, mas não só. E tive de levar com estatísticas, que Portugal está no ranking de não sei do que, que nós somos muito bons, que a culpa é de quem apresenta queixas, que bla bla bla...ou seja a culpa é de todos, menos do sistema que é muito bom. Faz-me confusão, contentarem-se quando dizem que 90% dos casos funciona, e pergunto-me eu pelos outros 10%. Como o miúdo que morreu no São José...como outros casos...não houve resposta. Falhou o sistema. E em vez de se melhorar esses 10%, pensa-se que os 90% já são suficientes. Mas é fácil equiparar com países menos desenvolvidos que os nossos. E que tal comparar com os melhores? Pergunto eu,  que tal fazer mais e melhor? Que tal, enfrentar a realidade, e ver o que falhou e mudar? Efetivamente mudar. EU não digo, nem nunca disse que Portugal é uma merda e que é mau para se viver. Tem coisas boas e más, penso que como em qualquer outro país. Mas efetivamente à falhas e tem de ser analisadas. Não é resolver a coisa, depositando a culpa em terceiros. Eu sei de casos, em que os filhos estão sinalizados, e que só por não terem quarto, os filhos são retirados. E não estamos a falar de violência, mas sim de pobreza extrema. Não percebo como aquelas duas crianças não estavam sinalizadas e se sim, porque não se fez nada. Como não se avaliam, ou porque tarda tanto a avaliação das queixas apresentadas. Aliás estas pessoas, pais e mães deviam ser presentes a juntas médicas, para consultas de psicologia, e psiquiatria. Penso que tem de se tratar o problema de raiz. Tirando surtos de demência, muitas pessoas são sãs. Simplesmente são vários os fatores que levam a pessoa ao desespero. Entram espiral sem fim. E conheço pais desesperados, desempregados, e sem dinheiro para colocar os filhos em médicos especializados, porque os seus filhos tem necessidades especais. Pergunto-me eu, se também não é culpa da sociedade, perceber o que se passa à sua volta e assobiar para o lado. Perceber de uma vez por todas, que a vida dos outros não é a nossa, mas que podemos e devemos ajudar. Que muitos não tem rede de apoio, não tem amigos, ninguém. E quando entram numa espiral profunda, numa depressão, tudo o resto vai por ali abaixo. E infelizmente, com esta crise, este desemprego, mais casos irão existir. Devemos estar atentos, falar com as pessoas. Alertar para o facto de perceber se a pessoa está bem ou mal e tentar que a mesma procure ajuda. Neste caso, os centros de emprego, tem um papel fundamental, e não digo que passa por dar medicamentos, tem de sinalizar, orientar as pessoas. Sei que me estou a alongar, sei que há muito mais para além da superfície. E não quero generalizar. Mas temos de perceber, que doenças mentais existem e que cada vez mais vão existir. Temos de identificar o problema, e definir o que temos de  fazer para melhor. Tem de se melhorar o sistema e a rede de apoio. Sim Portugal, é bom, e tudo e tudo e tudo...mas enquanto morrerem crianças assim, o resto não desculpa, ou desvaloriza a responsabilidade do sistema. Irrita-me estas percentagens, o dizerem-me que não valorizo o que de bem se faz, e que ficam indignados por dizer que parte da culpa, é também do sistema. Este espécime, esteve a falar o tempo todo para mim, como se fosse para um comício. Aliás, disse-lhe claramente, que não me interessava os rankings e tabelas feitas em excel, quando efetivamente existirem queixas e  continuarem a deixar andar. Este espécime  tem um cargo importante numa junta. Este espécime, antes desta conversa, parecia o palhaço de serviço o engracadinho lá do sitio, com piadas sexistas, machistas e racistas. Muita vergonha alheia. Mesmo. Senti-me incomodada. E ainda me disseram "é um fixe". Não sei se havia de rir ou de chorar. Depois desta conversa, só penso  " que merda de gente" felizmente não me dou com gente assim.

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