Mudamos com a idade, foi sempre o que me disseram

E é verdade. Mudamos. Ou por outra, escolhemos mudar para viver e sobreviver. Sempre, desde que me lembro, nunca tive uma prenda debaixo da árvore de natal, que não soubesse o que era. Nunca fiquei verdadeiramente surpreendida no Natal, porque sabia sempre. Abria e depois fechava. Era curiosa por demais. Terrível. Tudo tem vindo a mudar, aos poucos. Ao meu filho, faço questão que só abra no Natal, e que depois vá abrindo ao longo da noite se lhe apetecer, para ir apreciando as prendas. Não gosto que as abra de forma corrida, sem apreciar o que lhe dão. As minhas, as que tem vindo, ficam na árvore. Antes, abria uma, ou deixava outra por abrir. Hoje penso o contrário. Não se deve abrir. Porque ali está a força e animo que precisamos, para uma das epocas mais emotivas do ano. Se a vida nem sempre corre como esperamos, é certo que os pequenos pormenores nos ajudam a aguentar. Este ano escolhi não abrir nada. Nem o que seja enviado pelo correio, nem que seja uma carta. Não sou pessoa de ter muitos presentes. Não sou, como dizem, fácil de surpeender. Felizmente acontece, raro, mas acontece, o que quer dizer, que não sou assim tão difícil. Não sou materialista. Sou mais de dar, do que comprar para mim. E não é o facto de ter um presente na arvore que me faz feliz. É ter algo de alguém, que se lembrou e se importou comigo. Que despendeu do seu tempo, da sua vida, para mim. E esse é o bem mais precioso que se pode dar a alguém. Quando recebemos uma prenda, não é o presente em si que conta, é o tempo que aquela pessoa depositou em ti, o tempo dela, que é teu, pensado em ti. E é saber que numa das noites mais emotivas de sempre, há pessoas que pensam em nós, que pensam em mim. Há pessoas que nos escrevem coisas bonitas. Há pessoas que gostam de nós. E isso deixa-me feliz e agradecida. Não me faz esquecer tudo o resto, mas dá-me colinho e alento para suportar todo esse resto.

É por isso, que ela está ali, à espera do dia 24! 

Obrigada! Gosto muito de ti :-)