É tanto o querer
Quis tanto fazer mais. Sonhei tantas vezes acordada, tantas. Quis tanto dar, dar, colmatar o que achava que faltava. Sonhei em dar, em fazer acontecer. Quis tanto preencher vazios, quis tanto fazer que a vida acontecesse, que a vida recompensasse as outras pessoas. Quis tanto. Desejei tanto, tanto, que sinto que fracassei. Não consegui fazer o que sonhei. Não consegui. Se calhar consegui outras coisas, que não me dei conta. Se calhar não consegui nada. Mas sinto em mim, uma desilusão, do quanto queria ter feito e não fiz, porque não pude. E não consegui. Sei que por motivos alheios a mim, mas sinto como um fracasso meu. Sinto que fracassei em dar o melhor, fazer o melhor, compensar o que nunca se teve. E não me perdoou por isso. Porque fracassei. Porque o destino, a má sorte não me ajudaram também. Mas a responsabilidade foi minha, porque o desejo era meu. Sinto até inveja de quem consegue realizar, o que eu sempre desejei fazer. Não por conseguirem, mas sim porque não pude proporcionar, o que outros proporcionam. E sinto-me. deveras, vazia de toda esta vontade de querer. Parece-me um querer em vão. Não aprendo a lição, continuo a desejar. Se não realizei antes, que fosse agora. Tenho sempre um desejo secreto, de dar, o que as outras pessoas no seu intimo desejam. Tenho sempre o desejo de ver alguém feliz, longe de preocupações, longe da dor. Tenho sempre o desejo de ver os olhos sorrir, por ver o belo, por sentirem a paz. Tenho sempre esse desejo em mim de querer dar. Não sou bem sucedida num todo. Mas não deixo de desejar. Do querer. Faz parte de mim. Faz parte de mim, a felicidade e o bem querer dos outros. Dava-te o mundo. Se não te pude dar, arranjarei a quem. Não fossem vocês, criadores de mim.
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