"O amor é um milagre, digno de mudar tudo, e todos que queiram e se deixam. Eu, mais do que nunca, acredito nisso!"
"Mãe de três crianças, Vanessa da Mata não é
diferente de qualquer outra mãe que ama seus filhos. Mas o fato de as
crianças terem surgido em sua vida por meio da adoção e não pela
concepção faz com quem a cantora tenha que lidar com situações
diferentes do que uma mãe biológica enfrentaria. Vanessa adotou Bianca,
Filipe e Micael, três irmãos biológicos.
A cantora conta que as pessoas ainda têm muito preconceito em relação
ao assunto. “Eu estava nos Estados Unidos e contei para os meus amigos
de lá que ia adotar e eles fizeram um jantar para brindar. No Brasil, as
pessoas diziam para eu não fazer isso, pelo amor de Deus. Foi
decepcionante ver o preconceito. Algumas pessoas chegaram a falar que eu
ia fazer isso para me promover, até por esse motivo eu prefiro não
falar muito sobre o assunto”, disse.
“Minha falecida avó, Sinhá, a quem sempre fui muito ligada, teve sete
filhos biológicos e adotou outros 20. Sim: ela tinha 20 filhos
adotados. Portanto aprendi desde cedo que não é a gravidez que faz uma mulher ser mãe…é
o amor. A maternidade é a experiência mais acertada da minha vida. Mas
pude constatar na pele que ainda existe um preconceito muito grande em
relação ao ato da adoção. Já cheguei a ouvir que eu teria feito isso
para me promover. Também já ouvi afirmações grosseiras, na frente das
crianças, inclusive…coisas do tipo ‘mas elas não são suas’. Ou seja: um
desrespeito e uma falta de sensibilidade muito grande. Elas são minhas
sim, oras. Se não são minhas, são de quem então?”, completou.
Recentemente, Vanessa publicou no Facebook uma carta comovente em que
explica a história do processo de adoção e discorre acerca das
condições dos abrigos para crianças no Brasil. A artista relata ainda
que, se tivesse mais condições, “teria uns dez filhos de coração,
estômago, pensamentos, de destino, de canções e arte de viver”. Leia abaixo o depoimento da cantora:
A vida muda a cada momento! Quase seis anos atrás, depois de não
desejar filho da barriga, resolvi exercer a adoção, desejada desde a
infância! Mas isso não aconteceu assim, rapidamente! Eu estava pensando
em morar fora, Nova York, Canadá, para aprimorar as “aulinhas de
inglês”! Estava me separando e resolvendo seguir fase nova na vida. Aí
em uma visita a um abrigo, levei brinquedos e cobertores, “saí com três
crianças” hahahaha …
Não foi tão fácil assim! Os trâmites de adoção são dificílimos,
os pais adotivos e as crianças sofrem com a burocracia e demora e as
crianças que muitas vezes chegam bebês, crescem lá dentro, sendo
preteridas na adoção por outras menores. Mas NY, como era abstrata e
podia ser adiada, ficou pra depois, enquanto as crianças não tinham mais
tempo para esperar nem perder. Era uma adoção tardia. “Adoçao tardia” é
aquela que acontece com crianças já crescidas! Crianças que têm
experiências difíceis, porém um desejo enorme por uma família. Com todas
as dificuldades que tiveram e têm, sabem o que é não ter. Então eu, meu
ex-marido, quase separados, nos jogamos e assumimos pais com força na
responsabilidade que é educar direito os três filhos e com muito amor.
Acabo de ser “apertada, amassada” por um dos filhos: “Minha mamãe
é muito fofa meu Deusss”! Isso sim, “não tem preço” oh cartão de
crédito! ahaha tão lindo!
Infelizmente há crianças crescendo dentro dos abrigos, sem amor e
sem cuidado necessário para pequenos seres que foram deixados por
tantos motivos doloridos. Crianças nos “abrigos”, são muito
negligenciadas! Claro que não são todos, mas sofrem muito! Em muitos
“abrigos”, as crianças são torturadas, mas não podem ter amor! Os
“ajudantes” são proibidos de se envolver afetivamente, para não ter
apego, caso elas sejam devolvidas as suas famílias de origem ou
adotadas! Ficam à mercê da televisão ligada o dia inteiro, funcionários
brutos, sem preparo algum, duros, sem cursos preparatórios, tratamentos
psicológicos, sem nem o mínimo que seria ter funcionários gostassem de
crianças, sem uma mínima sensibilidade para com eles. Não podem exercer o
afeto, mas o desafeto… É visível! Ainda bem que existem abrigos aonde
há uma educação religiosa, não fundamentalista. Aquelas que ensinam o
amor, amar a si e ao próximo, não o ego do ser o único a entrar no reino
de Deus! O amor divino, acho que é um alicerce, dá estrutura, é uma
companhia que não falha ao acessar e se conectar.
Ainda temos que melhorar tanta coisa neste mundo, que não há
tempo para descansar e nem para negligenciar, ficar quieto diante de
tantos fardos e dores implantadas pela ignorância e descaso!
Fiz o disco “Bicicletas, Bolos e Outras Alegrias”, quando eles
chegaram ainda no início no período de feitura no estúdio. De repente eu
tinha trigêmeos. Vieram com cinco anos, seis e oito e meio e muita
expectativa, medo, cheios de curiosidade e disposição para amar!
Chegaram coincidentemente, ou nem tanto assim, no Dia das Mães, vejam
vocês!!! A farra da família grande e nova, inclusive com vários tios
adotivos, minha avó teve vinte adotivos e sete da barriga ao longo da
vida, primos novos chegando, a calçada na casa de Mato Grosso no
interior, sendo montada pelas crianças todas da família em um grande
mosaico!
A música “Meu Aniversário”, onde falo deles no final e dessa
turminha da família, tudo se descobrindo como se o mundo não tivesse
existido.
Eu chorava o tempo todo! Me descobri mãe e as histórias se
formando e tudo se transformando na minha frente, me fizeram ver os meus
pais, minha avó que foi um ser de luz, um anjo, e a minha vida mudava
por inteiro. Em uma semana eles já sorriam! Em duas, me chamavam de
“minha mamãe” com um orgulho que doía, em duas e meias eles dormiam como
se nunca pudessem podido, em um ano, o mais velho lia. Cada conquista
uma celebração! O amor é um milagre, digno de mudar tudo, e todos que
queiram e se deixam. Eu, mais do que nunca, acredito nisso!
Enquanto nenhum filho dos outros queria beijar os pais na porta
da escola, pois estavam crescidos, os nossos faziam muito gosto, matavam
de inveja os outros pais que nos olhavam derretidos: “Que delícia a
minha mamãe e o meu papai!!!”.
Meu ex-marido é um pai maravilhoso. Levava os filhos no pescoço
pelas ruas, girava-os no ar, ensinava com paciência. Muito orgulho de
ter escolhido uma pessoa de caráter, firme, bondoso, saudável, de
costumes saudáveis,querendo tanto ser pai, para dar exemplo e educar os
meus, porque isso é uma responsabilidade enorme, e acho que é a da
mulher. Escolher o pai de uma criança não é brincadeira, pois o poder da
escolha do pai, é dela, já que tem o poder da gravidez! E muitos mudam
na chegada do filho, mas muitos também pioram, continuam no “Mundo de
Bob”, o filho vira apenas um status para os outros, não educam, não
brincam, não dão limites, não ensinam sobre o mundo e suas armadilhas,
não conversam e só pensam neles! Mas também o homem tem a sua
responsabilidade na escolha de sua família. Um mãe maravilhosa é o
mínimo!
Vou confessar uma coisa: se eu fosse uma cantora do gênero
sertanejo e ganhasse muito mais dinheiro para dar uma estrutura melhor,
teria uns dez filhos de coração, estômago, pensamentos, de destino, de
canções e arte de viver! “Criança é bom demais” como dizia a minha avó
amada!
Tanta gente tendo filho de um transa, sem querer! Eu tive muito
tempo desejando, com advogado, esperando, chorando e… sem transa! É
muito amor"
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