Estou a distanciar-me de ti. Muito menos crente. Muito mais distante, fria. Muito mais desiludida. Descrente. Mais amarga. Mais estranha em mim. Hoje procurei-te. Tenho saudades tuas. Do teu conforto. Sinto-me sempre reconfortada, aqui. Tenho saudades de mim. De crer. De acreditar. De amar. Sei que nada dou. E sei que recebo uma paz em mim. Sei que peço. Sei que peço sempre, cegamente. Peço por mim, pelos meus. Pelos outros. Peço, por gente que não conheço, não sinto o bater do coração, mas sei que bate. Gente que é boa, que sinto que o é. Fiquei perdida em pensamentos, a querer ter força, a querer transmitir força a homens e mulheres graúdas, para irem andando e aguentando. Que não percam o foco. Que realmente a vida é bela. E se lamentamos, também temos muito a agradecer. É de facto louvável, existir um ser, que tem sempre uma palavra para alguém, que sabe confortar uma pessoa, mesmo travando guerras pessoais. Todos temos um dom. Ele tem. É um ser generoso. Que sabe chegar ao outro. Que tenha conforto, animo, esperança, um, dia após o outro. Quero muito, que a Lúcia se aguente numa fé, que sei que já não tem, que se sente abandonada numa cama de hospital, por um Deus que julga ter abandonado o seu posto. E todos os dias sinto medo. Ás vezes gostava de ser uma pessoa mais positiva, que vai correr tudo bem. Mas há dias e dias. Eu cada vez mais acredito, que o que tiver de ser será.
Mas gostava muito, muito, que as pessoas de quem gosto ( e estou a ser muito egoísta, porque sei que há muitos outros) que tem feito um esforço enorme para se aguentarem que dessem a volta. E saíssem vitoriosas, contra esta doença. Animo pelo meu amor, a Lina, que tenho boas noticias. Mas sou sôfrega por sentir animo. Quero mais. Sou assim. Quero sempre mais e mais. Quando é bom, quero sempre boas noticias, mais e mais. Consegues ouvir-me e achas que peço demais, bem sei. Mas sinto-me assim um pouco mais tranquila e em paz. E desejo transmitir isso também às pessoas que me rodeiam.
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