Hoje não há um bom dia

Não pode ser. Hoje começou igual a todos os outros. Exceto quando saio para ir para o meu carro. Vejo a minha tia em lágrimas. Pergunto-lhe o que se passa. Longe de imaginar o que ia ouvir. Fico em estado de choque. Mais uma prima, apanhada pela doença da moda. Não é que uma seja menos que a outra prima, que as outras pessoas. Mas esta. Esta. Esta sou eu. Esta é parte de mim. Esta, é parte de mim, a minha carne, o meu sangue. Uma pessoa pela qual tenho uma adoração desmedida. Uma pessoa que adoro para lá de muito. Uma pessoa que amo, amo, amo imensamente. Oiço a minha tia. Caiem-me as lágrimas. Sou crente. Mas está difícil. Não sei bem em que parte é que me perdi...as pessoas boas, não deviam ser felizes para sempre? Tenho tanta saudade tuas. Tantas. Que estou tão assustada. De te saber internada num hospital longe como tudo. Tenho medo. Sei que és uma mulher de armas, daquelas fortes. Foste viúva aos vinte e poucos com uma cria de meses, e sobreviveste. Viveste no meio de preconceitos. Enfrentaste vários países e preconceitos de muitos. Casaste com um homem mais novo. Divertimo-nos tanto nos entretantos. És daquelas mulheres, como digo, mulheres a sério. E dizer que isto foi um murro no estômago, é pouco.



Comentários

Pulha Garcia disse…
Não sei qual é a doença da moda mas deixo-te um beijinho. A doença de um sempre atinge todos na família. Percebo-te bem.
Solana disse…
Cancro da mama. Disse da "moda", porque à minha volta, infelizmente tenho alguns casos.

Atinge sempre. São os nossos.

Obrigada! Um Beijinho.

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