D. Teresa

Eu associo o nome das pessoas a situações que passei, a pessoas que me marcaram. Talvez seja uma parvoíce, mas é um facto. O nome Teresa nunca foi sinónimo de coisa boa. Olhava para uma Teresa, e para mim, à partida é como se fosse pessoa não grata. Injusto, bem sei, mas era o que sentia. Sempre que conheci-a uma Teresa, lembrava-me da Teresa. A Teresa, que me magoou muito. Que me magoou demais. Que me levou um amor. Um grande amor. Que hoje percebo que nunca seria meu, que nunca nada é só nosso, mas sim dos dois enquanto existir. Quando deixa de existir, ou quando se torna frágil aparece uma Teresa. Uma Teresa, uma Maria ou um nome que se queira designar. As coisas quando estão mal, não vale a pena culpar o outro. É nossa a culpa. Culpa é exagerado, retiro. É da nossa responsabilidade, o dever de assumir, que as coisas não estão bem ou que o sentimento já não é o mesmo. A vida muda-nos, por vezes muda também o amar. E por vezes deixamos de ser o amor de alguém e outra pessoa entra no nosso coração. Mas eu, por ser mais fácil para mim, sei que sim, optei pela via rápida, culpei-a. E durante anos, Teresa para mim era sinónimo de dor, de perda, de rancor e algum ódio de estimação. Não faz sentido nenhum, hoje que penso nisto. Aliás tenho há muitos anos uma amiga Teresa que adoro, mas que não me fazia esquecer a outra. Talvez porque ainda vivia dentro de mim essa mágoa. E depois outras Teresas se seguiram, mas que nunca se cruzaram com o meu santo. E nunca ficaram. Mas depois apareceu a Teresa! A D. Teresa! Um doce. Uma pessoa maravilhosa. Educada. Simpática. Atenciosa. É mãe de uma amiga minha. E não sou amiga, nem assim para todas as mães das minhas amigas. Mas a D. Teresa, é diferente. É uma pessoa especial, sinto isso. Sempre o senti. Tem as ruas regras, tem as suas opiniões definidas. A D. Teresa não deixa de por a toalha na mesa, a D. Teresa aproveita o coentro até ao fim, a D. Teresa não leva o tacho para a mesa. São os exemplos, de quando falamos na D. Teresa em modo de brincadeira. Porque na realidade é um amor de pessoa, exigente consigo e com os outros, porque quer bem. Porque cuida. Dá-me sempre os parabéns no aniversário, pergunta-me pelo arroz de pato e pelo meu Tiago, não necessariamente por esta ordem. Ligou-me ontem a perguntar pelo projecto, queria saber mais, queria ajudar. Queria envolver-se. Fiquei enternecida. Não espantada, porque é uma boa pessoa. Mas fiquei enternecida pelo carinho, pela vontade, pela atenção. E é talvez pela D. Teresa, que a Teresa passou há já algum tempo e vai lá longe. Porque a D.Teresa me faz lembrar amor pelo próximo, a solidariedade, o bem querer. E porque também já não vive em mim o rancor. E nem vos contei o melhor, faz um arroz doce maravilhoso. E o bolo de chocolate? Pecaminoso.

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