Passei no teste, podem ser dois

Acordei cedo. O piolho igual. Tínhamos combinado com uma amiga dele, uma ida à praia. Tratei de coisas boas para levar. Fruta, mas que fruta, cá a menina, leva tudo, pêssegos, uvas, maçãs, bananas. Eles eram só dois. Para almoçar, visto ser o dia todo, umas hambúrgueres, uns cachorros. Pensando melhor, ainda fiz umas sandes. Levei batatas. Aproveitei levei bolachas, levei, iogurtes, sumos e água, muita água, para não desidratarem. Vi a tralha toda, e jurei para mim mesma, que até parecia que íamos acampar uma semana. Só que não. Arrumei tudo num saco gigante, nada de cestas, e pareceu-me bem. Peguei no saco, em dois chapéus, uma tenda. Ok, é possivel, pensei eu. O Miúdo levou a mochila com os brinquedos que quis. Por norma, ele pode levar o que quiser, desde que seja ele a levar. Tranquilo. Fomos para o carro, arrumamos tudo. Estacionamento na praia caótico. Estacionei longe, quase em casa. Nem sei para que gastar gasóleo, devia ter ido logo a pé. Saco gigante numa mão, o saco da miúda na outra, dois chapéus num ombro, a tenda no outro. Tranquilo, faz-se muito bem, pensei. Todos em fila indiana. Nisto, dez passos depois, rompe uma alça do saco que afinal não era gigante. Pensei que não havia de ser nada, ainda tinha três asas. Que passaram a duas, mal acabei o raciocínio. Pensei logo, no meu carrinho de duas rodas, que tanta falta me faz. Toca a abraçar o saco gigante, mais um saco, mais chapéus e tenda. Chegados à praia...ia a pingar. Mas quem manda ser exagerada!? Uma garrafa de água e um pedaço de pão, estava feito. Os miúdos já pediam para ir para a água dar uns mergulhos, e eu ainda a enterrar chapéus. Miúdos calma, que ainda falta a tenda, isto dá trabalho, disse eu. A Tenda, foi um desafio. Nunca a tinha usado, mas achei que esta seria uma boa altura. Imaginei que a atirava ao ar, e puff, ficava montada. Mas não. Fiquei a olhar para aquilo. Dei o meu melhor. Não caiu. Não estava perfeito. Mas não caiu. Sombra considerável, com espaço para escavar, para fazer tudo à sombra, um sucesso. Muito protetor solar na pele. Muito. Sempre. Primeira banhoca. Depois saímos, e peço-lhes companhia para beber café. Vão comigo. A menina pede um bolo de arroz, ok. Num silencio estranho, silencio e putos não combinam, olho para baixo e vejo uns dez pombos. Ela pediu o bolo para os pombos. Ok, ok, pensei eu. Tudo bem. Os pombos ficaram a tomar o pequeno almoço e nós fomos para a toalha. Jogamos ao quem é quem. Jogamos ao adivinhar animais, através de mímica. Fizeram as delicias do pessoal, só se riam. Realmente dão-se muito bem. Levantei o rabo umas mil vezes. Água, bolachas, almoço, guardanapos, Etc. A mulher das bolas de berlim passou umas 6 vezes à hora do almoço, pelo que não houve bola. Disse que à tarde compraria. Ficou prometido. Eram nove da noite e nada. Prometi gelado no fim da ida para casa, e barraca fechada. As minhas promessas ficaram por terra. Mas divertimo-nos muito. Demos muitos mergulhos. Quer dizer eu só molhei o corpo, alguém tem de ficar de olho. Nisto eu tenho saudades, de mergulhar e nadar, nadar, nadar...mergulhar. Mas como eu estava a dizer. Passavam também tempo, sentados a escavar, mais propriamente a enterrarem-me na areia. Nisto aparecem mais dois. Quatro putos não é mau. A avó pede desculpa, mas as crianças são mesmo assim. Querem brincar com crianças. Disse-lhe para não se preocupar, que ficavam por ali. Levantei o rabo mais umas mil vezes. Ri-me outras tantas. Os miúdos são deliciosos. Nisto chega a prima. Pára tudo, que vem aí o meu direito a mergulho. Bem, não foi bem assim que aconteceu. Continuou na mesma. Mas sempre na brincadeira. Muito creme, eu a por a eles, e eles a mim. Como uma equipa. Ficamos até as nove da noite. Bom muito bom. Os meninos com roupa trocada, e a fazer ginástica. Olho para o saco gigante, e só de pensar que tinha de o abraçar, deu-me logo uma coisa má. Fomos embora. Nem sei bem explicar o quanto me custou, ir até ao carro, carregada. Até me doíam as costas, os rins, eu sei lá. Tive de parar. Parava, falávamos. E pensava sempre no meu carro de rodas. O meu carro de rodas, meu amorrrrrrr. Entrego a primeira, já a dormir. E vou para casa com o meu. Um duche rápido ao miúdo, sopa e puff. Adormeceu num ápice. Arrumei as tralhas. Percebi, que tinha de simplificar. Esqueçam o pão. Levo só água. Vou tomar um banho. Começo a tirar o vestido e dói-me as costas. Vejo-me ao espelho, e caiu-me tudo. Tinha as mãos deles nas costas em branco, riscos brancos, o resto vermelho, tomate maduro, para lá de passado. Meu querido disoderme para que te quero. Vem até mim. Passei a noite...o dia....a assar. Tipo pimento. Mas em mau. Foi um dia em beleza, perfeito. Doí-me tudo. Mas foi maravilho!

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