O meu pai é castiço. Não se oferece para vir a minha casa. Cada um na sua vida, é um pouco a ideia dele. No domingo o índio, convidou-o para ir jantar a nossa casa. Ficou deliciado pela iniciativa do gaiato. Mal entrou em casa, avisou-me logo que não precisava de ter trabalho, que qualquer coisa servia. Como se eu desse qualquer coisa aos meus. Por mais qualquer coisa que seja, tem de ser sempre especial, pelo menos a preferência do convidado. Amor tem sempre. Com os seus 75 anos, ainda brinca e gosta de brincar. Escondeu a chucha e o dudu ao miúdo, e foi ver o índio doido à procura daquilo. E ele ria-se, pela partida que pregou ao neto. É tão bonito. Sentados lado a lado a jantar. O avô a tentar incutir respeito, educação, postura à mesa...Deliciado com as respostas do neto. Realmente renascemos perto dos piolhos. Foi um bonito jantar. Gosto muito de ver o afeto, gosto muito de o sentir. Mesmo desfalcados de alegrias, estamos sempre a tentar o nosso melhor, sempre a tentar viver com o copo meio cheio. E ver a alegria do meu pai, com o neto, é uma das minhas maiores alegrias.

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