Assim somos nós

 

 Primeiro, fazes-me ir longe para caraças, a tua sorte, é que a próxima és tu, é à noite, e tem copos incluídos. E rimos. E rimos mesmo, como tontos. E utilizamos sempre a mesma frase. Que tanto nos torna característicos. Está tudo F**** Quem diria, que com o passar dos anos, a vida se tornaria tão igual, mas ao mesmo tempo tão diferente. E rimos sempre, não sei se com vontade, ou porque somos realmente tontos, ou porque temos um humor negro. No fundo, cá entre nós, somos boas pessoas, eu quero acreditar, que eu sou, porque sei que tu és. E eu não sou de merdas. Conto-te sem problemas as minhas fragilidades. Algumas, nem as consigo dizer às minhas amigas. E quando me oiço dizer-te, penso na naturalidade com que saem. E penso que é isto que se procura num companheiro que se quer ter para a vida, mas com um grande amor incluído. Tu és só amigo. És fácil de fazer falar, de me deixar ir. Sinto-me confiante, e segura. És sem dúvida um bom amigo e generoso. Porque partilhas de ti, comigo. A tua generosidade, conforta-me. Talvez, porque te sinta, e sinta o mesmo que sentes. E rimos, como tolos. Isto devia estar escrito em algum lado!!! Eu não assinei nada disto!!! Dizes tu, e rimos. Desmontas muitos dos meus receios. Eu desmonto alguns dos teus. Eu mando desculpas para o ar, e tu percebes, e tu fazes exatamente a mesma coisa. Sabemos quando não sentimos o que dizemos. Reparo que mudei, mudei a minha forma de pensar em muitas coisas. Pergunto-te se não sentes falta de amor, do beijo, do abraço, de afecto. Sou assim, estou a falar da bomba na ponte, tu dizes que ficaste horas na ribeira e que podíamos ter jantado juntos e eu mudo completamente o assunto. Sorris de forma tímida. Quase sem resposta, olhas intrigado, como quem diz o que esta me quer. Pergunto-te novamente. E tu dizes que sim. Digo-te que te percebo, porque te sinto, como me sinto. O sabor do beijo, o toque da pele, o desejo, o contacto, o carinho, o calor, a ternura. E rimos. Rimos talvez porque somos uns tolos, e pensamos que a vida está ao virar da esquina, ali a espreitar e a sorrir. Como o policia a passar a multa. Contas-me como vai a tua vida. A do teu filho, que me preocupa. E que tu sabes sempre dar a volta ao assunto, com uma arte de pai carinhoso. E és grande por isso também. Rimos, mando piadas. Acho sempre que alivia o ambiente. As piadas, passam sempre pela bomba na ponte, ou queres boleia para  ponte, para saltar...nós somos assim...tolos. Mas se num segundo acho que és um homem correcto e atenção, és correcto, trabalhador, e bom amigo, firme e integro, porque tomaste (tinha escrito tomates...e não ficava mal) a decisão correcta (para quem????), no segundo seguinte troco as voltas à minha pessoa, talvez à pessoa que és e acho que és um tolo e digo-te que a vida é curta. Que um beijo sabe sempre a pouco, que a saudade do toque custa e não passa, e que amar, o amar nunca é uma coisa má. Rimos. Rimos das incertezas da vida, do querer ser correcto, e ao mesmo tempo de querer viver a vida, com desejo,com paixão de forma desenfreada de amar, de sentir o coração bater por alguém. E como se vive assim, constantemente com sede? Se temos todos os dias uma garrafa de luso (podia ser outra marca, mas esta dizem que é a melhor) à frente e não podemos sequer bebericar... rimos, rimos, rimos...ai meu querido amigo. Não tenho muitas certezas nesta vida, mas de uma coisa eu tenho, ninguém tem culpa de amar, ou deixar de amar, acontece. Vá, ou de se apaixonar. Paixonite aguda, acontece. E porque não arriscar ser feliz? Porque não beber essa água do luso? Não sejas lambão, tipo beber água toda de uma só vez. Quem são os outros para opinar? A tua família? Que é isso!?? Estou a brincar... Mas sinceramente, não sei se conseguiria, sou daquelas que bebe dois litros de água por dia. E a saudade, saudade, saudade, aperta-me o coração.

Queres boleia para a ponte? É já. 

Não me chateies, que faço uma ameaça de bomba na ponte!

Vamos à costa beber uma jola, pagas tu?

Saltas tu ou salto eu?

Vai mais um? Manda vir.

Rimos, rimos, rimos, rimos.

Somos uns tolos, mas somos felizes.