QUANDO TROVEJA


quero trincar os teus ossos
e roer-te os nervos
enquanto troveja

cravar os meus dentes nos teus braços
e farejar-te o peito
longe da aldeia

um carro mergulha no nevoeiro
e enquanto dura
caminho pelo teu corpo
lambendo a água da chuva

e eu a abocanhar-te esse pescoço
a alimentar-me do teu corpo
a noite inteira

cantar-te a balada do coiote
sem manhas, só sabor
à luz da lua cheia

...longe da aldeia

...longe da alcateia

cada trovão são mais tantos segundos
até que separo o meu corpo de ti
mais um trovão e suspiras por fim

...ah ... quando troveja...

cada trovão são mais tantos segundos
e enquanto dura
caminho pelo teu corpo
lambendo a água da chuva

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