Tu


Parabéns minha querida! Muitos Parabéns. Sabes, não sou boa em muitas coisas, como nas datas de aniversário...mas há pelo menos uma coisa que sou e que me deixa feliz...saber quem são as pessoas da minha vida, as pessoas que quero que façam parte dela e procuro-as. Tu, como a tua data de aniversário nunca foram esquecidos. Sempre passei pelo 16 de Março, com nostalgia, e sempre me lembrei de ti. Felizmente chegámos hoje, a bom porto depois de muitos anos de distancia. E como sentia saudades de ti, do teu humor e da nossa gargalhada. Falamos horas e horas como se fosse sempre pouco. Tinha pensado em fazer-te uma BD, mas a vontade de te falar era muito maior que as piadas que gosto de escrever...dei por mim numa carta cheia de fotografias tuas, nossas, uma carta de muitas  páginas, mais de trinta. E uma carta, tem sempre muito mais valor. Falei de tudo de como te conheci. O inicio de vidas assim, é uma valor que se guarda para sempre, porque foi ai que nasceu a nossa amizade. Chorei a escrever a carta, e saberia que chorarias ao receber. Eramos tão miúdas, eu mais que tu, tinhas uma vida diferente, eras casada com um filho e muito calejada pela vida. Desculpa-me se te magoei, em muitas vezes por imaturidade minha. Desculpa, se te deixei de falar porque me recusei a entender tantas outras. Sempre me disseste que tinha muitas pessoas à volta e por isso nunca te percebi. Acho que estás enganada. Sempre estiveste. O estar rodeado, não quer dizer que não se esteja só. Sim, de facto sempre tive amigos, muitos. Mas ao longo do tempo, e a aprendizagem requer tempo, percebi que os amigos se resumem a duas mãos, talvez a uma. E tu sempre foste uma amiga para mim. Uma pessoa que me viu apaixonar perdidamente, uma pessoa que me viu a sofrer desoladamente. Uma pessoa que sempre me acarinhou... eramos unha e carne. Uma matava a outra esfolava. Dávamos colinho uma à outra, puxávamos as orelhas uma da outra. Nós eramos uma só. Fiquei tão magoada contigo, quando te convidei para Madrinha e estavas noutro país, a fugir do que te atormentava neste. E fiquei sem chão. E sem chão, torno-me irracional, corto todas as minhas raízes de forma a não sentir e não pensar mais. É um defeito. Desculpa-me não me ter apercebido, e de não te ter dito o quanto estava magoada. Talvez as coisas tivessem corrido de forma diferente. E não tivesse passado tanto tempo. Fizeste-me tanta falta. Tanta...no meu casamento, quando chorei, quando fui feliz, quando tive o meu filho.
Hoje acordo cansada, e com o telemóvel a piscar...vejo dezenas de mensagens tuas... meia a dormir, deduzi que tinhas aberto a prenda que te enviei. E não me enganei. Li e fiquei também muito emocionada. Não precisas de explicar-me mais porque foste, e por isso não teres sido minha Madrinha. Já foi. Já percebi, e está lá atrás. Quero hoje e agora presente na minha vida, e temos de nos certificar que não voltamos a falhar...nem eu na tua, nem tu na minha. Quero-te sempre bem, sempre. De tudo o que passaste, por tudo o que também te fizeram sofrer. Por ameaças que tive no teu divórcio, mulher arrancavam-me a pele. Pelas chamuças que nos arrebentavam o estomago, por todas as aulas de gestão passadas no café, por todas as vezes que ocupávamos o wc na conversa, por todas as vezes que riamos a chorar, por todas as vezes que íamos às compras, por todas as vezes que chorámos.  Um dia feliz minha querida, cheio de coisas boas, e pelo menos este ano consegui estar um pouco presente. E é tão bom. Conforta-me o coração. Obrigada.


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