Do preto para o cinzento

 Sempre fui uma pessoa muito fiel aos meus princípios e ainda sou. Tenho ideias definidas desde cedo acerca de tudo um pouco, de relações, do amor, fidelidade. Sempre fui contra traições, sempre fui a favor de contar a verdade à pessoa que é traída. Sempre senti um leve desprezo pelas "outras" que sabia que existiam. Talvez porque eu já fui traída e posso dizer que "a outra" em questão, prefiro que não passe perto de mim. Não gosto. A dor de uma traição é horrível quando se ama. A dor da perda, da traição, é muito complicada de gerir. E ficaram marcas durante muito tempo, passamos a duvidar de quem se aproxima de nós. Como referi não é fácil. Mas o que aprendi é que aquilo que hoje pensamos ser preto, amanhã poderá ser cinzento. Conheci pessoas que traiam, amigas, que me explicavam tudo e que apesar de eu achar errado, desonesto, caramba...também se consegue perceber o outro lado. Também se consegue perceber o lado dessas pessoas, porque grande parte delas apenas quer encontrar o amor, quer se sentir amada e feliz. Embora me custe saber que irá sempre ser às custas do sofrimento de alguém. Conheço uma pessoa, amiga há anos, uma pessoa que adoro, de quem só posso dizer coisas boas....essa pessoa revelou-me que era "a outra" na vida de alguém. Pediu-me para não pensar mal dela, porque ambas sabemos a conotação do ser "a outra".  Ela falou-me de um grande amor, tão grande que me fez sentir triste, porque ela nunca teve direito a ter o grande amor da vida dela só para ela. Sabemos que " a outra" destoi lares, famílias, separa filhos, mas caramba, tudo será culpa da outra? Será que o casamento já não estava destinado a falhar? Será que "a outra" está sozinha no momento da traição? Cada caso é um caso. Mas neste, eu que sempre tive uma postura pouco agradável referente às outras...fiquei triste e percebi que no fundo o que moveu essa minha amiga foi sentir um grande amor. Saber que fez tudo para resistir, saber que nunca pediu a ele para deixar a mulher, saber que sempre mostrou a quem amava o que é certo e é errado, saber que ela o deixou porque lhe doía ser a outra e ser a outra para ela era pouco. Quem abdica de um grande amor para o ver feliz, é quem ama de verdade. Mas como se deixa um grande amor, o amor da nossa vida? É triste. Cada um devia ter direito ao seu amor, o amor da sua vida, infelizmente por vezes ele está ocupado. Eu aprendi que não podemos julgar, que as pessoas são como são, que as pessoas sentem, que amam e desejam, umas vezes erram outras não, mas são isso mesmo, pessoas com defeitos e qualidades que apenas querem ser felizes.

Comentários

Anónimo disse…
Apetece-me comentar, não comentando.
Se é que me entendes...

Jinhos
Solana disse…
Entendo Leão, entendo...tanto que me lembrei de ti.

Beijinhos

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