"Andas armada em boa Samaritana"
As pessoas já não estão habituadas a ajudar, é a conclusão que chego. As pessoas já não querem saber de ninguém, a não ser o seu próprio bem estar. Se há coisa que aprendi foi sempre ajudar o outro, sempre. Não sei se foi na igreja católica, visto ser praticante, não muito regular, ou só porque me sinto bem assim, ou então um misto das duas, não sei é automático. Faz-me impressão algumas pessoas que batem a mão no peito e que falam de amor, compaixão e amor a Deus e ao próximo e nada fazem, mas nada. É mais fácil ir à igreja passear o modelito e dizer ámen e o trabalho de casa fica feito. Eu desde pequena que ajudo pessoas, eu e a minha mãe. Famílias que passavam fome, crianças que não tinham livros, brinquedos. A minha mãe muitas vezes fazia as compras do mês para nós e para outras casas. Dentro do que nos era possível. Sempre fui de dar e de partilhar. Eu com pouca idade, peguei nos meus brinquedo todos e dei para um centro de crianças, porque sabia que elas não tinham com o que brincar e eu felizmente iria ter. Nunca fui apegada a merdas. Hoje tenho, amanhã dou e depois se precisar logo compro. Mas as pessoas mudaram, e mudaram muito. A minha mãe felizmente não precisa de ajuda de terceiros, até ver, porque tem filhos e marido. Mas muitas vezes acredito que ela gostaria de receber a visita de algumas pessoas, porque não sai de casa. Todos ou quase todos os fins de semana, e visto ter sido criada num terra onde todos se conhecem e eu aprecio isso, me perguntam por ela....e dizem do género... pois, quem viu aquela mulher e quem vê....temos de ir lá. Mas nunca vão! Estas pessoas que eram amigas dela. Pessoas que ela sempre ajudou. A minha mãe passava vários domingos dela a visitar pessoas que estavam doentes, acamadas. Hoje em dia, ninguém lá vai. Entristece-me. Cada um têm a sua vida, claro, mas então por favor parem de dizer que a minha mãe era a pessoa mais maravilhosa deste mundo e que têm de a visitar e depois não fazem nada...dizer só por dizer, porque parece bem, não obrigada. Eu aprendi com a minha mãe muitas coisas, não sou samaritana, só acho que temos de dar o nosso melhor, pelos nossos, por aqueles que nos rodeiam e tentar sempre calçar os sapatos da outra pessoa. Eu conheço a D. Amélia há um ano, não era amiga dela. Eu vou várias vezes a casa da D. Amélia saber como está. Levo sempre alguma coisa, que sei que a anima. Passei com ela o domingo, porque sei que não tem família, e eu deixei a minha. Fui dar-lhe as refeições, porque sei que não as toma, nem comida nem medicação. Ofereci-me para lhe dar banho. Isto não é ser bom samaritano, isto é ter olhos na cara e bom senso. É pensar que que se fosse uma mãe nossa, uma amiga, ou até nós próprios gostaríamos de ter alguém perto de nós. É pá poderia ter ido à praia, pois podia, até poderia ter feito muitos programas, ou até ter ido à minha mãe. Mas naquele dia havia aquela pessoa que precisava de alguém. Ás vezes tenho vontade de ajudar e muito, se vejo que não precisam de mim, que há muitas pessoas para ajudar, fico no meu canto. Se não há ninguém, eu estou lá. Sempre fui assim, sempre funcionei assim. Sei que para muitas pessoas pode parecer estranho, como pessoas que conhecem a D. Amélia há 10 anos e só dizem coitada...e nada fazem, mesmo morando ao lado dela. Irrita-me. Ninguém é melhor que ninguém. Mas se cada um ajudar, o que pode e o que está ao seu alcance, tudo fica melhor. Eu sou uma pessoa, normal, comum e chata como o caraças. Gosto é de ajudar os outros.
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