Deixei as cartas entre as pedras do muro
disse eu... fiz porque tinha visto num filme. Como era miuda na altura... Há coisas que não se devem perder, que não devemos abrir mão. Coisas que fazem parte do nosso passado, da nossa história. Coisas bonitas de ter, coisas para recordar. Um pequeno tesouro.
Não as tenho. E tenho tanta pena de ter perdido as cartas do meu primeiro amor, porque achei que não voltariamos a estar juntos, tive a ideia de as deixar. Namoro, sem beijo, só de mão dada. TOque aveludado. Foram tantas as palavras escritas, tantas e saudadosas, dos tempos que passaram, dos sonhos que tive na infância e que me fizeram muito feliz. Agora, por vezes ficamos frente a frente, sem conseguir trocar uma palavra, porque sempre foi assim, sempre fomos timidos para falar e muito mais rápidos a escrever. Acho que nem a amizade ficou. Somos estranhos, que se perderam como amigos, que se perderam com as cartas, que eu deixei no muro. Sou muito melhor a sonhar. E quando chega esta altura do ano, olho sempre para aquele muro.
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