Feliz Ano Novo

O tempo passa e como passa. Já passaram tantas pessoas por mim. Umas ficam, como tu, persistem e ainda bem. Outras deixam sempre um pouco delas. Deixam coisas boas, coisas menos boas. Acho que todos somos um sumatório de várias pessoas que nos fizeram viver, sentir. Mas tu continuas na minha vida. Como uma irmã. Olho para trás e já lá vão 18 anos. Lembro-me muito bem do primeiro dia em que te vi, ias com um vestido com riscas vermelhas, parecias mesmo uma toalha de mesa de um restaurante italiano. O que nos fartamos de rir sobre isso. Lembro-me de nos termos afastado um pouco depois, talvez porque tinhamos outros interesses e talvez porque comecei a namorar com um rapaz que tu chamavas de criança crescida e que basicamente não tinhas paciência para ele. Lembro-me das vezes que fui dormir a tua casa e de todas as vezes que te ia buscar. Fazia 4,5 vezes o mesmo percuso, bolas moravas longe como tudo...mas o mais importante era a companhia e lá ia eu. Chorámos muito e rimos também. Cumplicidade da boa. Lembro-me de irmos sempre as duas para todo o lado, saiamos à noite, comentávamos tudo e todos. Lembro-me de todos os arranjinhos que te fiz e nenhum deu resultado. Lembro-me de estar perto de ti quando mais precisas-te e isso para mim foi o mais importante. Foste obrigada a crescer rápido bem sei...mas acho que acompanhei bem, apesar de ser ainda miúda, a miúda de pensar que não há mal no mundo. Lembro-me do raspanete que a tua mãe me deu, porque achava que te tinha arranjado um namoro com um rapaz digamos duvidoso....e claro que o era, por isso o omitiste com medo do que eu fosse pensar. Levar na cabeça sem saber o porquê! Bolas, era uma gaja séria. Espera, ainda sou. Mas espero que tenha sempre transmitido confiança e como sempre digo o amor acima de tudo, quem sou eu para dizer o contrário.
Estive no teu casamento, e fiquei mesmo emocionada, ver-te entrar na igreja, foi como uma mãe que vê uma filha crescer, foi como uma amiga que vê a outra feliz e isso é tudo o que importa. Isso e os filhos da Rosa tentarem tirar-me os olhos com um garfo. Acho que a nossa amizade se fortaleceu ainda mais, porque casaste com um amigo meu, logo ficámos mais próximas, mais do que eramos. Lembro-me de todos os teus medos e receios e lembro-me de quando tentaste engravidar...ÓH gaja, já passaram 6 meses e nada...
Eu com calma disse logo que o Gi não estava a fazer o seu papel...ehehe, disse também para teres calma que era normal e no final tudo correu bem. Nasceu o puto mais desejado até então e eu escolhida para Madrinha. Foi como ser mãe. Lembro-me de me dizeres: Esta merda da amamentação é muito gira nos filmes, dói para caraças...e rimos feitas perdidas.
Lembro-me de te queixares que o pneu na barriga não ia ao sitio, que não emagrecias ali... Lembro-me de me convidares para um de muitos jantares que tivemos e dizeres: Gaja, olha para isto! (era um teste de gravidez positivo). Ou seja, o recém tinha 2 meses e tu novamente grávida. Mas estávamos cá para o que desse e viesse.
Lembro-me de teres sido uma heroina por teres sobrevivido ao parto do teu primeiro filho e teres pago um balúrdio pelo parto do segundo, com medo de sofrer tudo de novo.
Lembro-me das noites maravilhosas noites no Algarve. Fico geniunamente feliz por tudo o que alcanças e fico maravilhada quando me dizes com um sorriso enorme, que encontraste a tua alma gémea. Fico tão feliz por ti e pelo Gi. Lembro-me de todo o apoio que me deste quando apanhei a minha maior desilusão de amor. Lembro-me de teres ouvido sempre tudo com cuidado, lembro-me de escolheres sempre cada palavra para não me magoar. Lembro de  ligar-te sempre, quando preciso de desabafar. Sei que sou meia despassarada, mas lembro-me de ti todos os dias. Gaja gosto tanto de ti. E hoje é o teu dia. Parabéns, ou como aprendi recentemente e que me faz mais sentido, um Feliz Ano Novo. Com tudo o que tens direito e mais um pouco.
Gosto de ti como o caraças! Podia dizer como aqui até à lua, mas isso faz-me lembrar o André Sardet e isso não é bom!

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