Pequenas, grandes vivências
E esta é a verdade. Eu nem sei se é bom ou mau. Não sei. Mas dou por mim, a retirar um pouco de tudo, para guardar no meu coração. Passei a passagem de ano, com um casal amigo, e com a mãe dela. Eu saberia que a mãe dela, me iria fazer lembrar a minha. Pelo falar, pelo estar. Duas nortenhas de gema. Estava deliciada. A ouvir, a conversar. Por momentos pensei, estar ali a minha mãe. Embora estivesse, em mim. Sei que vive em mim. Mas era como estar ali fisicamente. Eu olhava para a mãe da minha amiga, e todas as saídas e piadas, podiam ser bem da minha mãe. E obtive daí um conforto. Foi como não estar só, num dia em que saberia que estar. É estranho. Mas gosto de recolher pequenos viveres para mim. No dia de ano Novo, fui buscar o meu pequenino, e dei-lhe um abraço enorme, não foi o meu primeiro beijo do ano. Tenho essa brilhante, not, ideia de beijar primeiro a pessoa que mais amo. Tradições criadas por mim....e parecia-me mal, estar com amigos e dizer.....Paraaaaa tudo....não há cá beijos...que o meu filho só vem amanhã..... Então, coloquei em prática a minha muito própria tradição, e beijei a minha querida amiga. E foi também muito especial. Calma, pessoal, não foi linguado....nada promiscuo. Foi apenas uma excelente primeira pessoa! Na manhã seguinte apanhei o pequeno, abracei-o. Fomos tomar o pequeno almoço, a um café, o mais antigo da Parede. Eu implico sempre com mesas corridas. Parece que perdemos privacidade. Mas depois acabo sempre por adorar, porque meto conversa. Gostava de ser uma pessoa normal. Mas, dizia eu. Sentámos no meio, e do meu lado direito estavam duas senhoras. Uma de sessenta e poucos anos e outra de oitenta e tantos. Mãe e filha. A senhora, que era a mãe, tinha um cabelo branco lindíssimo, maquilhada e toda cheia de berloques. Eu sei, é feio analisar as pessoas. Mas, eu adoro pessoas mais velhas. Adoro a forma como se cuidam, adoro pessoas com batom. E eu penso sempre, que poderia ser a minha mãe ou avó. E claro, lá vou eu reter pequenos viveres. Estava o miúdo a pedir um croquete e eu uma rabanada. Como a "Avó". A senhora mete-se com o miúdo, e diz que o filho dela também só comia croquetes. Nisto, iniciou uma conversa, entre modas do leite, e de ovos. Entre doces conventuais, rabanadas e gema de ovo com açúcar e pão. Não sei dizer-vos o que foi aquela conversa, nem o porque, mas foi tão prazeirosa. No final, desejei um bom ano e agradeci a conversa. A senhora, pediu-me desculpa por ter "metido conversa", o qual eu disse que tinha adorado. Não sei se a senhora pensou que eu estava a ser cínica com o agradecer a conversa. E voltei a referir. Obrigada pela boa conversa, a senhora é muito simpática, desejo-lhe um bom ano. Tenho a certeza era capaz de estar uma manhã inteira, a ouvir aquela senhora. Mas com prazer. Levantámos, e seguimos para o paredão, para ver o mar, inspirar água salgada, ouvir as ondas e desejar coisas boas. Pedimos desejos, e demos um abraço prolongado. E começou assim, o dia um. Com muito amor, cumplicidade, e coração cheio. E muitos desejos.
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