Nem sempre a vida é como se lê nos livros. Nem sempre corre como um filme perfeito. Resignação. A vida é e acontece. A vida vive-nos e por vezes não nos deixa viver. A impetuosidade da idade, a imaturidade retira-nos algo que pensamos que devia ser nosso. Devia ser nosso a cumplicidade, o sorriso fácil. A cumplicidade notória. A felicidade. Tudo existia, para lá do que eu pensava não existir. Sonho, não poucas vezes. E sinto em mim, muitos momentos de uma vida que não a reconheço como minha. Era miúda pequena. Era aquilo que tinha, e tinha aquilo que queria. Sem o saber. Existe sim, e a verdade sei a eu. Resignação. Sorrio por tudo o que fui, por tudo o que tive. Por todos os dias, por todos os anos, em que sorri, muito. Em que tive em mim, e para mim, todo o romantismo e felicidade da inocência. Tive alguém que me completou e cresceu comigo. Que fomos um só. Resignação. Sinto muito, muito mesmo. A saudade de uma boa conversa. A partilha de sorrisos, a partilha de cumplicidades. A saudade de todas as cartas escritas, dia após dia. Do amor, como deve ser, genuíno, terno, mágico, sem explicação. Existe sim, e anda por aí, foi ser feliz. E deve sê-lo hoje e sempre. Existe sim, dentro de mim. E sou grata por todos os anos, por ainda hoje me fazer sorrir. Por ainda hoje acreditar, que existe sim. E ainda existe dentro de mim. Que sempre será parte de mim, que nunca me faça esquecer, que existe sim. Ele existe.



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