Mix your head in a bowl

Está uma confusão do caraças. Isto por vezes não há ponta por onde se pegue. É como um castelo de cartas. É sentir ruir, por todo o lado. É tentar segurar, o que está a cair. É ficar triste, é entristecer, é enganar a vontade de chorar. Que raio. Que tudo me assola o espírito. Que por mais que tentemos recomeçar, por mais que tentemos chegar à meada, não chegamos. Estou com os dedos esticados e não consigo lá chegar. Adormece-me o pensamento. Fecho os olhos de cansaço. Mais cansaço. Seria isto que teria pensado para mim, enquanto miúda, penso muitas vezes nisso e acho que não. Penso em como tudo se tornou assim, tão complicado. Será que somos só nós que complicamos? Não acho. Complicamos por vezes um fio, não o novelo todo. Tenho sempre em mente, que enquanto existir um lado bom, uma boa tábua, o principal é manter-me à tona. Respirar devagarinho. Porque acredito que nada de mau dura para sempre, embora custe a passar. O problema dá-se quando esse lado começa a desaparecer. E eu já o vi lá longe, bem longe. E senti-me, como nunca me senti. Ter de ter capacidade de reacção, numa situação que nos deixa inertes, que nos deixa frustrados, que nos deixa com vontade de seguir caminho para longe, de tudo e todos, é quase impossível. Há situações que nos marcam, que deixam mazelas. E por vezes não nos torna mais fortes, torna-nos mais frios, distantes. E isso eu não gosto, não quero. Não gosto de gente fria. Recuso-me ser assim, tornar-me assim. Sou do clube dos que sentem, dos que fazem sentir. Dos que mostram. Dos que não se importam de mostrar as inseguranças. Dos que partilham. Dos que se preocupam se magoam alguém. Dos que se preocupam realmente com a opinião do outro, que está ao seu lado. Dos que não olham só para os seus umbigos. Dos que ficam incomodados por sentir o outro triste. Dos que se preocupam com o próximo. Dos que procuram com intuito de ajudar. Dos que querem fazer parte da solução e não dos que viram as costas ao problema. São daquela equipa do bem querer. Do querer sentir um abraço. Do cheirar a pele. Do afagar a cara. Do beijar. Do apenas sentir. Do falar. Do aconchegar. Sou desta equipa. E recuso-me, por muito que esta vida de cão me mostre que temos de ser o contrário, que temos de ser umbiguistas, recuso-me, porque isso não é ser gente. E eu sou. E Sinto. E vivo pelo amor. A mim, aos meus e ao próximo. E quando estou lá em baixo, no meu mundo mais cinzento, quando sou muito menos do que aquilo que anseio ser, quando sou pior pessoa, felizmente há sempre alguma lufada de ar fresco, há sempre uma bolha de ar que me transporta para o meu eu, que sempre fui e que sempre farei um esforço para ser. Ser mais e melhor. Mesmo que algumas coisas que me façam perder as forças, mesmo que tudo me pareça perdido, junto tudo misturo e dou de novo...

Comentários

Placa Central disse…
Excelente texto. Revi-me completamente.

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