Preciso de ti, hoje e sempre


Penso que quase todos os dias dava jeito, mas hoje...hoje era muito bom.
Sabes mãe, sinto falta de ti.
Precisava de sentir a tua mão, na minha face. Sentir a pele enrugada, mas sedosa. Unhas perfeitas. Precisava que me afagasses o rosto.
Sabes mãe, ando cansada.
Mesmo.
Cansada, porque ando numa montanha russa. Queria que estivesses aqui, para me dizer para não pensar em coisas parvas, como aparecer numa valeta, ou ver o meu filho prejudicado de alguma forma.
Precisava de chorar, mas com este cansaço, já não vai lá.
Queria mesmo ter-te aqui. Só imaginar-te ao meu lado, não chega. Queria muito, mesmo muito conversar contigo e explicar-te tudo o que está a acontecer.
Sabes mãe, o pai está todo lixado. Caiu. Levou pontos. Parece um repolho.
A vida dá voltas. Hoje é ele que não vê, e que tem as pestanas enroladas para dentro. As pestanas enroladas para dentro..mãe...algo que sabias tão bem, e que tanto te incomodava. Pois é mãe, a vida dá voltas.
Hoje, mais do que nunca percebo-te.
Mas, mãe, tenho a dizer-te que não era preciso tanto, para te perceber. Sim, não era preciso tanto.
Hoje sabes o que mais admiro mãe!?
O que mais admiro em ti?
Foi estares sempre com um sorriso, e por dentro destroçada, por ter que manter uma casa a funcionar, filhos tratados e organizados, e engolir sofrimento, tristeza, solidão, e mostrar aos filhos.... um sorriso...e abafar tudo o resto para si.
Hoje percebo isso como nunca.
Eu tornei-me tu.
E só agora percebi.
Como te disse mãe, não era necessário tanto.
Ontem estava na tua cozinha, com as tuas coisas. E mais um dia, precisava de ti. Fiz para o jantar, o teu arroz, arroz de forno, no teu pote de barro preto. Pote que guardo como ouro.
Fiz o teu arroz de forno. Ontem jantámos todos, com sabor a mãe, avó e esposa.
Tenho a certeza que todos te sentiram. Porque estás por todo o lado.
Mas eu preciso de mais, há dias que precisava de te ver. Ver sorrir. Ouvir-te.
Hoje, e só hoje, e já tão tarde, percebo-te tão bem.
Tão bem.
Há tanta coisa a acontecer. Tanto mãe, que ás vezes temo ser demais.
No entanto, Deus não nos dá nada que não possamos aguentar.
Duvido disto à brava...confesso.
Queria muito um colinho teu. Queria muito abraçar-te.
Queria muito, mesmo muito, que o tempo voltasse atrás, e que te pudesse dizer que o amor que te tenho é imenso.
E eu acredito, que mesmo não te vendo, sei que cuidas de mim. Sei, porque de outra forma não conseguiria levantar-me e sorrir.
É muito, é demais.
Deus deu-me a tua força, perseverança.
E queria muito dizer-te isto. Queria muito, muito que tudo tivesse sido diferente e melhor.
Queria te dizer que foi preciso apanhar da vida, para te dar valor.
Amo-te mãe.
Fazes-me falta.
Fazes-me imensa falta.





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